A coincidência do super-juiz ...

Por obra e graça de uma entrevista ao juiz Carlos Alexandre, descobri que a vida e a Justiça se resumem a 2 títulos de livros de Gabriel Garcia Marquez.

Perguntei: Sente-se "Um General em seu Labirinto"? E ele disse sentir-se mais na pele de "O Náufrago". A entrevista versava sobre um computador que sorteara um processo contra um ex-primeiro-ministro preso pelo super-juiz.

E coincidências? A única falta ao trabalho de Carlos Alexandre, em décadas, aconteceu no preciso dia do tal sorteio. "Se tinha de ser naquele dia, foi naquele dia!" - respondeu. O ´Processo-Marquês` foi entregue a outro juiz, alegadamente adversário de Carlos Alexandre.

Voltemos a Gabriel Garcia Marquez porque ele tem um outro livro que nos pode calhar-na-rifa: "História de uma Morte Anunciada". Será aziago? Claro, porque numa versão portuguesa, não será Nassar a morrer. A vítima será a Liberdade devolvida aos Portugueses há cinquenta anos. 

José Ramos e Ramos

Jornais em saldo

Cristiano Ronaldo comprou o jornal mais lido de Portugal, ao preço de um automóvel. Aconteceu meses depois de atirar o microfone de um jornalista desse jornal-TV a um lago.

E assim três linhas dizem tudo sobre a saúde da Imprensa portuguesa. E qual é a posição dos jornalistas? Oh! Também ajudam à festa, por exemplo, interrompem uma 


entrevista numa TV, para dar em "directo" a chegada de um de futebol ao aeroporto de Lisboa.

E os repórteres? Fazem jornalismo-de-precaução, disse e bem Baptista Bastos. os polícias? Esses põe no Panteão um jogador futebol, ao lado do escritor Eça de Queirós.

E os directores das TVs? Empenham-se em impingir políticos como se fossem comentadores. E dormem colados aos telefones vermelhos ligados aos Tribunais e ao Ministério Público. Dizem tratar-se de "investigação jornalística!"

E os autarcas ajudam? Claro! Pulverizam as cidades, impedindo a distribuição dos jornaisE então? O que fazer?  Pois! Venha um cervejola e Viva o Ronaldo: estamos a regressar (mais velhos) ao ano de 1973!

O pópó enfiado 

em casa

foi chiquérrimo ter uma casa com um popó, enfiado... em casa.

O Bentley do senhor e o Mercedes Sedan da senhora tinham quarto com porta própria. E ao lado dançava-se foxtrot e os miúdos dançariam depois yé-yé para mostrar as máquinas às amigas.

Nas soirėe lia-se António Couto Viana. O'Neil e Natália Correia nem pensar!  E o elétrico já passava à porta. Era cómodo mas era para o povo, que não tinha pópó. 

O consumo e, mais tarde, a Liberdade deram ao povo dinheiro e o povo também comprou popós. E os

senhores? Abalaram nos seus popós para sítios cada vez longe do povo-com-popós. E povo? Foi morar para longe, porque assim podia ter casa e popó. E agora? 

Agora há popós por todo o lado e casas... abandonadas em quase todas as ruas vistosas das cidades. E o foxtrot? Tornou-se nome de bar de Lisboa, onde já se dançou tango. 

Mas os senhores já não dançam. Já não estão... deixaram para sempre os seus popós e a belíssima casa em ruínas.

 António Couto Viana também se sumiu. Ficaram O'Neil e Natália Correia.           

Quando um gato afia as unhas num livro

O meu gato adora livros, como Natália Correia gostava de gatos, soube eu através de um amigo. O Umberto Eco também tinha um gato.

O autor do 'Pêndulo de Foucault' forrou as paredes de casa com estantes, onde o seu gato afiava as unhas. O meu já fez isso. E eu achei graça. Pensei, ele osta de livros! 

Umberto Eco, o autor do 'Pêndulo de Foucault', forrou as paredes de casa com estantes, onde o seu gato afiava as unhas. O meu já fez isso. E eu achei graça. Pensei: ele gosta de livros!

O meu Max também adora a entrada do prédio, para meter ´conversa´ e receber carinhos. Há dias sentei-me ao lado dele, no degrau de entrada, e recebemos apenas três ´boas tardes` em doze passagens de vizinhos. E carinhos? Nem um.

Devem ter imaginado que o Max também gostava de livros; ou então embirarram por eu ser amigo de um gato ´vira-latas´.

O Max não ligou e eu, ao seu lado, sentado, continuei com a ler Eco, semelhante a Fernando Campos em 'A Casa do Pó'. Mas poucos poucos passaram cartão ao escritor português, que foi professor no Liceu Pedro Nunes. Se fossemos 'francius' ou 'camones', era diferente. Por cá a estrangeirada sempre teve palmas, desde pai de Afonso, importado da Borgonha, há 800 anos.       

De quando em vez dá-me o medo de me tornar num homem de sentido único, vulgo de perder quatro dos cinco sentidos. Um pânico de tonto, suponho, mas o que mais me inquieta em perdendo um que seja é a ausência quase absoluta da visão.Que em vendo sinto o ritmo das coisas e dos bichos, o feliz paladar alheio, o toque da névoa e de em emoção não precisar de despejar palavras. Vejo à minha volta os sentidos perdidos. 

Penso nisso sempre que me lamento de andar teso (o que me acontece com uma espavorida regularidade) e exagero em queixume auto-infligido. De em vez de dizer que não tenho 'dinheiro para mandar cantar um cego', admitir que na verdade não tenho um cêntimo para sugerir a um vesgo que assobie, o que é muito pior. 

Escrevo estas linhas em memória de um querido 

Cegueira sobre o ensaio

amigo, mais cego que um morcego e que de cada vez que dava um encontrão em alguém sorria de lado, como se uma abelha lhe vivesse em alegria canto da boca. E dizia: 'sou mesmo parvo, que sempre que saio à rua de óculos esqueço-me de trazeros olhos'

José Alves Mendes

Lembro os primeiros sonhos. De como o pesadelo de cabeça para baixo sonhava comigo, de como eu em testa erguida assustava o medo. 

De as coisas do mundo não existirem antes do reflexo, sussurre ou não nele o rumor das armas. De pino feito, à beira do Arno, havia núvem escura e céu estrelado de meio da tarde ao saber da corrente, ao traço da água.

E pensei que talvez fosse uma boa ideia fixar o que não parava de se mexer. O que só a água espelhada contava, como um prato de trippe ou um copo de verduzzo a tresandar a arroz acabado de cozer sorvido longe da terra da mãe. São sempre as pequenas coisas que fazem as grandes saudades.

Do avesso das coisas. Florença, 1980.

Vizinhos são cães gentis

Canso-me a falar com os senhores cães, quando vou ao parque fazer um pouco de jogging. 

Nestes meses, desde a minha mudança de casa, conheci no parque o Carvão (cão d'água português), o Hulk ( pastor alemão), o Teco (vira-latas), a Lulu (caniche), o Simão (um rafeiro divertido) e por aí fora. Todos passseados à trela por zelosos donos.

O dono do Carvão tem-me posto ao corrente das maleitas... do Carvão. No caso do Teco falam-me dos traumas de infância. Já a Lulu anda aborrecida com os vizinhos. O Hulk sente-se depremido. E o Simão passou a detestar as viagens de automóvel. Enfim .E vá lá! Qual é o nome dos donos? Não sei. Eu apresento-me ´Bom dia, eu sou o José` e eles respondem `Muito prazer, eu sou o dono do Farrusco`, por exemplo. É assim.

Já tenho até o número de telemóvel de todos, porque estão preocupados que os meus 2 gatos possam ter um súbito mal estar. Que bom! Estou encantado com tantos cães bem-falantes, gentis e... bons vizinhos.  

GARCIA MARQUEZ  ILUSTRA  A MÁ-SORTE  PORTUGUESA

Graças a uma entrevista a juiz, fiquei a saber o seguinte: uma vida ou um sistema judicial resumem-se a 2 dos títulos de livros de Gabriel Garcia Marquez: "Um General em seu Labirinto" e "O Náufrago".

Ou seja vencemos no caos ou desistimos nas agruras, mesmo já com um mão numa qualquer praia.

A entrevista versava sobre um computador atrapalhado no sorteio de um processo sobre um ex primeiro-ministro preso com transmissão directa nas televisões.

Pelo meio veio a pergunta sobre se o tal juiz se identificava com  

"O general no seu Labirinto", mas o juiz preferiu "O Naúfrago". 

as vidas têm imprevistos e o também tropeçou faltando ao importante sorteio da sua vida. a única falta em décadas de a única falta em décadas de e concluiu assim : se tinha de faltar naquele dia, foi naquele dia!". 

E lá aconteceu o que ja se previa. O processo foi distribuído a uma espécie de rival.

O juiz criara como sempre um mega-processo que já dura para além dos 7 (sete) anos de investigação arrastada.

E qual será o desfecho? 

Um outro livro de Gabriel Garcia Marquez com um título muito premonitório: "História de uma Morte Anunciada".

Mas, creio que numa versão portuguesa, não será Nassar a morrer. Mas sim a Liberdade devolvida aos Portugueses há 50 anos.

URGENTE NO PARLAMENTO: LIVROS EM VEZ DE ÉCRANS

Os dias da Assembleia da República seriam  diferentes, se José Lello continuasse a distribuir livros aos deputados.

Todos os anos, pelo Natal, José Lello oferecia uma cabazada de livros, com títulos em função da actividade de cada deputado. Para além da graça, praticava-se o foco, coisa importante para o sucesso das vidas.

Um livro obriga a mente a focar-se num único assunto e desabitua-se de confusões e dichotes. Com um livro à frente, reflectimos no que vamos dizer e nas consequências.

Claro, as convulsões políticas continuarão, por serem inerentes à vida. Os debates seriam assim gentis e produtivos, por serem estribados por livros.

José Lello era generoso, trabalhador e alegre. Faleceu a 14 de Outubro de 2016. Deixou de haver livros oferecidos. Agora só há ecrãs de computador nas bancadas do Parlamento, como num escritório.   

Na morte de um alfarrabista amadoríssimo (daqueles de amado) e figura de esquina.

Que como ele sempre dizia: 'não tenho arcaboiço para vir a ser de bairro'.

Os livros guardam os guardadores de livros. Que em não accreditando nisso eu passava a vida vestido de luto.

como eu aponto as coisas'.

Cozinheiro compulsivo da família, em casa alheia trato de ajudar no que fôr preciso mesmo que a cozinha da vizinha esteja mais suja que a minha. 

Há dias deitei ao lixo lixo que nem era meu: latas de conserva, gargalos de iogurte, voltarenes encarquihados, rolos de papel higiénico sem destino, sacos secos de chá, resquícios de ovos mal cozidos e lascas de sabonete. 

E diz-me horrorizada a dona da casa: 'atiras à rua a minha lista de compras?!'. 

Diz que há gente assim e eu nem sabia: a que nos pede uma lista escrevinhada ou a fixa notelemóvel para melhor ir às compras e aquela outra que deixa pedaços de lixo ao lado do fogão, a meio caminho do caixote, para se lembrar daquilo que tem de voltar a comprar.  Aprendi a lição. Hoje de manhã vi cascas de cebola no chão da rua e pensei: 'ora gaita, que alguém se esqueceu do bloco de apontamentos'.

Comecei pelos versos dela. Depois por ela ter feito do barroco uma antologia contemporânea sob a chancela da espiral do Escada na Moraes.

Depois tonitruante, voz de carne. Até na 'Mátria' televisiva que tinha da eloquência e em igual dose todos os trejeitos e uma boa maquia das qualidades. Faz hoje 100 anos que nasceu, a miúda de Fajã de Baixo e boquilha à ilharga.  Fugidia afogueada das suas próprias certezas, nem deus ou diabo lhe hão-de voltar a pôr a vista em cima. Abençoada. 

Raphael Bodalo Pinheiro  (Lisboa, 21 março de 1846 — Lisboa, 23 janeiro de 1905) 

Foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. 

O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma qualidade nunca antes atingida. 

É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português.  (wikipédiaI)

lustração de Raphael Bordallo Pinheiro

VIVA O REI... E AS SONDAGENS!

 Voltou  à mercearia de uma senhora romani e ela tem o Chega no coração. Tenho um amigo ´podre de rico`, com vasta herdade no Alentejo, e ele anda metido com o PC.

Os italianos eram mais lógicos, nos tempos do PCI e do PDC:  escolhiam os partidos por tradição familiar. Por cá acontece, mas só no futebol.

A senhora romani da mercearia justifica o seu voto em Ventura, porque ´Portugal tem de ser só dos portugueses`. No caso do meu amigo ´podre de rico`, ele vota PC porque os governos de esquerda serenam a populaça e não fazem nada para chatear os ricos… como aconteceu com Costa. 

Também tenho uma vizinha, com várias graduações e muitas viagens, a querer o regresso da monarquia sumptuosa com um rei bonzinho de bigode. E um João Franco ao leme para meter todos na ordem, como há cem anos. Viu-se o resultado, acrescento eu.

Enfim, com todas estas particularidades, deixem-me confessar: é extraordinário as sondagens raramente falharem nos resultados eleitorais em Portugal. 

Hipersónico é o meu dormitar



O meu ressonar só é mensurável pela escala de Richter, ao que dizem as amadas que em infelicidade tentaram adormecer ao meu lado nos últimos 45 anos.  Aventuras de casa-de-banho de hotel, varandim de pensão, corredor de hospedaria, armário de quarto, taque-tuque-taque de comboio nocturno, garagem da casa do pai, cave da casa da mãe. 

Sempre empurrado para estar acordado por perto na condição de ir dormirnoutro lado e longe. Aproveito a oportunidade para pedir perdão das noites perdidas. as delas às minhas e as minhas às delas. 

Que se já tentaram sonhar contra os pesadelos em acotovelado na banheira ou despertado a murro como a batata regressada do forno... Em homenagem à garina que embriagada de generosidade mex perguntava vai para trêsquartos de hora: 'e como é que alguém como tu ainda é solteiro?'. Pois, pois.


Lembro-me de aos 12 anos rabiscar em diário de chave e cadeado que a perfeição não é fazer tudo bem: é parar de fazer as mesmas asneira recebi 2025 no colo apensar  que demorei meio século até garantir que tudo o que extraviei dormita no lugar certo. Agora só falta acordar o que adormeceu. 

A ver se dá tempo, que no fim das contas o que nos une são as diferenças. Se não acreditasse nisso a esta hora já seria pó e cinza ou quase nada. A seco insisto em professar uma fé sem manda-chuvas. 

E ainda por cá estrebucho, entre cruz e xis e sob o gizdo céu, pau-mandado da regra de ouro que reza:'não há mal que sempre dure nem bem que sempre se ature'.

"NÃO PAGAMOS"

O dono de vários grandes super-mercados, em entrevista, acusouca classe política de viver na babugem dos impostos.

Mas não disse que ele vive à conta de margens de distribuição e do esmagamento dos produtores nacionais. Para tal dono, a solução está na isenção total de IVA em bens essenciais. E pronto.

Nem revelou que os impostos da sua empresa são pagos no Países Baixos, por ser mais barato.

Também não aflorou o valor do seu ordenado superior em 280 vezes 


salário mínimo do  seu empregado mais simples.

Esqueceu-se ainda que, nos dias de hoje, 75 por cento da nossa comida é distribuída por hipermercados, que assim asfixiaram o comércio local. 

E também que os  trabalhadores dos  hipermercados estão a ser substituídos por máquinas de self-pagamento.

Devíamos era seguir Dario Fo na sua peça teatral e gritar bem alto:"Não Pagamos, Não Pagamos". 

Só pagaremos impostos na Países Baixos e não compraremos  comida em hipermercados. E seria possível?  Com 75 por cento da nossa alimentação na mão dos hipermertcados... Não.

A pianista Maria João Pires e o barítono Matthias Goerne, dois extraordinários intérpretes da obra de Franz Schubert, interpretando Viagem de Inverno, um dos mais fascinantes ciclos de canções escritos pelo compositor austríaco. 

Dedicado à figura romântica do viajante, que atravessa um inverno habitado pela dúvida e pelas memórias, este

Maria João Pires toca na Torre de Marfim


este ciclo é um exemplo sublime da elegância dos Lieder de Schubert. de esperar. O anunciado concerto de Maria de João Pires esgotou-se rapidamente. Só não se compreende os preços elevadíssimos, de 28 a 70 euros.

A provável primeira resposta será: o concerto é para amantes e entendidos. 

E nós acrescentamos que a Fundação foi obra de um rico petroleiro, que poisou em Portugal por misteriosa causa.

A segunda resposta será talvez: estando o concerto esgotado, é porque não é caro. Pois! 28 euros para uma família?

Ao menos transmitam o concerto pelo YouTube. E deixam de se queixar que a malta está sempre de olhos nas mensagens e jogos do telemóvel.

Ou querem continuar a viver numa Torre de Marfim? 

Foram-se  dois amigos 

Escrever uma linha numa página branca, foi sempre o diabo para mim. Por isso tinha dois peixes vermelhos, que todos os dias me esperavam na sala. Então eu começava com o nome de um deles e depois zás! já me sentia a nadar.

Quando mudei de casa, continuei a limpar o aquário. Cinco vezes por ano, repetia e na repetição lembrava-me de ainda miúdo a entrevistar - para o jornal escolar Cntacto,- José Cardoso Pires e dele dizer ´estamos sempre a escrever o mesmo livro`. E eu achava graça peixes, à escritae aos escritores.

Há dois anos, o peixe vermelho morreu, de forma inesperada, como se fosse texto apagado; e depois nos conformamos pensando estar numa pen ou drive. Senti aquela morte como um virar de página.

Ficou o peixe laranja e decidi há dias comprar um aquário lindo, com filtro especial e o peixe laranja morreu. Sem mais! E para mais em vésperas da compra um barco. Morreu na companhia de um amiguinho, comprado há meses para lhe fazer companhia.

O peixe laranja nunca se recompôs do desaparecimento do seu amigo peixe vermelho. Já nem vinha sequer comer ao cimo, como ambos fizeram durante largos anos, com grande alegria. Eram felizes e acreditavam em mim.  

Lamento, tanto. Eram meus companheiros. Eu sntava-mse frente ao aquário e contava a minha vida e eles entendiam. Foram-se, 'já não estão', como disse Saramago. O aquário ficou vazio. E os textos doem mais.     

Do avesso das coisas.  Florença, 1980

E pensei que talvez fosse uma boa ideia fixar o que não parava de se mexer. O que só a água espelhada contava, como um prato de trippe ou um copo de verduzzo a tresandar a arroz acabado de cozer sorvido longe da terra da mãe. São sempre as pequenas coisas que fazem as grandes saudades.

Lembro os primeiros sonhos. De como o pesadelo de cabeça para baixo sonhava comigo, de como eu em testa erguida assustava o medo.

De as coisas do mundo não existirem antes do reflexo, sussurre ou não nele o rumor das armas. De pino feito, à beira do Arno, havia núvem escura e céu estrelado de meio da tarde ao saber da corrente, ao traço da água.

E pensei que talvez fosse uma boa ideia fixar o que não parava de se mexer. O que só a água espelhada contava, como um prato de trippe ou um copo de verduzzo a tresandar a arroz acabado de cozer sorvido longe da terra da mãe. São sempre as pequenas coisas que fazem as grandes saudades.

Dos mortos do dia.

Não é que em data oficial de defunto eu espere que a chuva graúda dê a boiar as almas perdidas, como se chegadas tarde a um encontro prometido. Aos mortos confunde-me não saber se me tomavam por faltoso fosse a história contada do avesso, como é certinho que um destes dias será. A segunda à esquerda, acho eu. Ou a primeira à direita.

Lembro-me de haver uma rotunda mas não sei se era só para confundir. Ou se as voltas foram feitas para trocar o destino ou se assim devo chegar a outro lugar, diferente daquele do qual parti nesse começo apontado a nenhures. Que ir faz mais sentido que ter de voltar. 'És um parecido entre os desaparecidos', como uma miúda em tempos idos os teve no sítio para dizer da minha alegada condição.

Só gosto que chova, que me resvale na careca o aguaceiro, que bufem perdigotos de gelo enquanto conto os metros até chegar a casa. A de alguém, em me faltando uma que me chame pelo nome como se em teimosia o sítio só proclamasse os nevões.

De não esperar melhor paragem que o último bairro. E sabendo eu rir da matreirice pregada ao mais cabotino dos fados, não haver um pingo de sentido numa verdade desse tamanho. E que só no fim fique quieto, no lugar onde deveria ter ficado em pulgas.

 A Milão do quarto de hora

Apercebi-me à minha quarentena de anos que, quando em viagem, em vez de ir voltava ao lugar. Que escolhia a nostalgia em vez do exotismo, os favores do regresso em vez da curiosidade. E tinha os meus achaques. Em Milão, por exemplo, vadiava em fidelidade pela igreja de Santa Maria delle Grazie. é onde está o fresco do Da Vinci, 'A Última Ceia'. 

De passar por uma trindade de portas calafetadas, do marmanjo me dizer: 'respire, mas devagar'. De ciclicamente haver um novo restauro por conta do Leonardo se ter posto ao fresco e, julgava ele, se ter pirado a tempo. 

E quando lá volto começo pela parede oposta, a 'Crocifissione' do Monfortano (1460-1502) a que ninguém liga
patavina. Lembra-me o marmanjo dos museus do Vaticano cujo trabalhinho era dizer 'ssshhh, ssshhh' dez vezes por minuto à malta que com perigo de torcicolo sem se calar se espantava com o tecto da Sistina. 

E reclamava ele: "qual é a parte da palavra 'capela' que vocês não percebem?!". Aquilo a que a mais nova das minhas sobrinhas (Mendes Solnado de apelido, que lá por casa não brincamos em serviço) acenando a mão à frente da cara como um pára-brisas chama o 'momento daaahaaa'.

.


Do fim do princípio do SNOB

Sem ofensa a Guimarães, o meu Portugal nasceu aqui. A luz afogueada sobre a relva, o esbracejar benfazejo da dona Maria, o esgar sabedor do sôr Albino. Dos hábitos iluminados nas prateleiras como vícios prometidos. 

De, em mal cheio de tudo o que enche, o todo dar pelo nome de 'refill'. De nunca ter de armar ao fino para enfartar o bruto. Da música ambiente ser feita de notícias frescas, azedumes de afeição, azedas doces e gargalhares. De sermos da mesma matéria sob o lusco-fusco... 

Está vendido. Há quem entre pares diga que o amanhã há-de ser parecido à noitada de ontem. Que a coisa parecida vai dar pelo mesmo nome. Não me entristece discordar. Só desejo que quem tanto nos agraciou descubra ou confirme os prazeres da vida depois do SNOB.
E que o lugar em mudando de mãos não mude em mais nada. Ou em mudando fique tal e qualmente. Que a ter de mendigar, pedincho a coisa inteira.

O Homem invísivel em versão Moderna

Rótulo em letra 8/8, e letra branca em fundo amarelo!

Vi o "Homem Invisível", escrito de H. G. Wells, ainda pequeno, na TV a preto e branco, e ...descubro agora uma certa semelhança com os rótulos de produtos à venda nos supermercados portugueses. Desculpem mas sinto mesmo.

O "Homem Invisível" voltou aos ecrans em 2020, cheio de um apavorante terror, escrito e dirigido por Leigh Whannell, depois de ter estreado na Universal Studios em 1933. Quase 100 anos depois. Mas o seu ´modus operandi`espalhou-se pelos hipers-mercados portugueses. Sim, é mesmo isso!

O"Homem invisível" rivalizava com a série "O Fugitivo". E parece-me ter sido um espécie de aviso global. que assentou como uma luva no nosso País: "deixem-se de ideias, seus ceguetas!". 

E a malta deixoiu de se meter na política. As gentes ficavam cheias de medo da PIDE".´Mas é a mesma arrogância  dos dias de hoje. Um género de vira-o-disco e toca-o-mesmo dos cenários políticos, moendo-se e remoendo-se.

Felizmente  já não há PIDE, mas,  por curiosidade, afinal já existem 19 entidades que podem, por exemplo, escutar os nossos telefonemas, desde Fisco a uma Esquadra da PSP de bairro. Basta o simples  pressuposto falso de sermos alegadamente traficantes de droga ou coisa assim e pronto: telefone son escuta.

Para que servem as escutas

 O juiz não tem possibilidade de verificar detalhes e mais não pode afzer do que confiar np requerente e zás!… lá está o tal programa ´Pegasus´ ou primo do mesmo. 

E para que servem afinal essas escutas? Perguntem a  Jorge Silva Carvalho! Receio que servem mais para chatear do que ganhar na barra dos tribunais. Falemos assim para semos finos.

Em boa verdade, nem queremos saber para que servem as escutas telefónicas aos outros.  Estamos mais interessados no dia de amanhã, quando levamos os miúdos à escola ou nos engarrafamos em filas intermináveis. 

Tudo por causa de um arquitectos alegadamente mancunenados  com quem nos atira para um apartamento nos subúrbios porque os ricos e os politicos querem apropriar-se do centro das cidades. E depois dá crédito para  pópós e lá andamos todos os fim-de-semana na "volta dos tristes"... em Lisboa e no Porto.

HIPERS têm 75% da comida

Digam-me, é justo uma cadeia de supermercados (que domina fornecimento da comida aos portugueses em 75 por cento) colocar nas usas prateleiras um produto miraculoso... com rótulos impossíveis de ler?

Está claro a macaquear os consumidores. Ou insiste ´remake' (rasca) do "O Homem Inviável pondo à prova a nossa paciência? Nos últimos 50 anos, a evolução das nossas cidades ficou nas mãos de arrivistas! 

Isto não tem nada a ver com as razões (escondidas) Ventura. Que se lixe o homem que ese apoia em especuladores imobiliários e vendedores de armas..

É um simples lamento nozes quando se esvaem as nozes que a Europa  nos dá. Pelo menos metam letras grandes nos rótulos dos produtos de super-mercado? Já ficávamos mais confortados.

O tema continua em cima da mesa e eu confesso que gostei da entrevista de José Rodrigues dos Santos ao secretário geral do PCP, Paulo Raimundo.Mas Raimundo não gostou, porque lhe correu mal!  

José Rodrigo dos Santos é um extraordinario jornalista e também escritor 

Em TV muitos políticos gostam de perguntas apontadas às suas ladainhasMariana Mortágua crispou-se. O experiente José recuou. Deu-lhe espaço. E qual foi o resultado? Mortágua afogou-se em chavões, por falta de uma pergunta provocatória.

Em tempos idos, Álvaro Cunhal ansiava por perguntas 'afiadas' para crescer nas respostas. Depois regressava a sua bonomia gentil com os jornalistas, enxotando os desconfiados funcionários do PCP. O tempo é escasso em TV. O formato é diferente da rádio, jornais ou revista. Como, por exemplo. o formato do Teatro, não e o da Novela.—

A pergunta da Ucrânia era central para sabermos as linhas que cozem o actual PCP. Raimundo podia aproveitar para responder em todas as vertentes. Mas foi muito diferente de Cunhal, um homem culto. arguto, com excelente nota em Direito, artista notável e escritor de vários romances. Depois de Cunhal o PCP teve um "achim" e a seguir operários como se um partido fosse uma fábrica e uma fábrica pudesse ser dirigida por partidos.

O director de Informação  da RTP António José Teixeira veio dizer um  'talvez'. O Sindicato dos Jornalistas fez um pouco melhor. Em rigor, a pergunta do José foi acertiva e a insistência ainda melhor. E levou inclusive a uma questão perturbadora: 

Qual é a relação de Puti-um não comunista, com o PCP? Frequentaram o mesmo restaurante? Foram companheiros de carteira? Ou são clientes no mesmo banco?      

O dono do Correio da Manhã 

.Em poucas palavras, 
o actual proprietário do Correio da Manhã parece querer dar uns valentes pontapés no jornal

Ao contrário, o fundador do Correio emprestava anonimamente dinheiro aos trabalhadores. Aos necessitados por alguma casualidade.

Dinheiro sem juros, claro.
Os homens não são todos iguais.

E DEPOIS VEIO A PRIMAVERA





A aconchegante biblioteca do Conde Castro Guimarães, Cascais, onde o Fernando Pessoa tratou de arranjar ofício (desgraçadamente negado, ao que contava o Gaspar Simões). ao tempo em que o vício e outros hábitos já o não deixavam fazer do sonho um calendário e a primeira morte atropelou de rompante e em cirrose hepática a segunda vida. Muitas manhãs de inverno lá fui em vez dele, sentado à lareira ao fundo vai para 50 anos.

Fiz-me sócio mas o lugar era tão acolhedor que tomei por jura ser associado de um só livro. E assim li umas 4 vezes de seguida a História da Filosofia Ocidental, do Bertrand Russell, num único volume perigosamente do meu mesmíssimo e físico tamanho. E depois veio a primavera e os troncos de madeira cuidaram de migrar.

A seguir só lá. passava para descansar os costados nos cadeirões e as costelas que tenho ainda agradecem esses tempos. Fiz tudo menos tirar fotografias dos momentos: que ele há limites para o que é maior do que nós e bem dispensa a nossa fuça de aconchego, como se só a nossa fronha em pose soubesse corrigir a perfeição. Sorry lá, que é inglês p'ra 'desculpa lá'.

FALTA DE FOLHA

Bem podes atar as folhas aos ramos que o Outono chega na mesma. Nunca fui de levar a sério a inevitabilidade. Sou mais de matutar no que pode ser evitado. Que, como o farmacêutico, não gosto de chatices sem remédio. 

Ou como dizia um velho amigo ao fim de três balões de medronho, no seu estilo de sabedoria primordial: 'o que nos mata deixa de nos moer'. Pois...

PELA METADE

Não trago para dentro de casa coisa alguma encontrada na rua, fora a chuva.  Hoje pela matina dei de caras com o Super-Homem a ser soqueado pelos pneus dos passantes. 

Achei graça à ausência no super da parte do homem, como se em tendo os pés tão assentes na terra ele só voasse da cintura para cima. 

Algures num trilho de asfalto a metade em falta saltita ainda sob os chassis. Que quem dê por ela saiba agora quem guarda a outra parte.

em poucas palavras, os jornais portugueses estão a um passo de fechar portas. Mas estamos todos a assobiar.

O jornal mais popular vende 38 mil exemplares, o de refência 8 mil. Há muitos anos fiz um jornal de liceu com tiragem de 5 mil exemplares vendidos em 3 números consecutivos.

Vitor Direito desabafou em 1995: perdemos todos os dias um leitor.  E porquê?  Porque enchemos os jornais e as TVs com politicos-comentadores-sarrafados e empurramos jovens repórteres (a 800 euros) para surfar o Facebook.  Falta um ano para o apocalipse.

Jornais a caminho do fim

creditos imagem do portal da sobrriedade Brazil

em poucas palavras, a vingança liderada por Netanyahu na Faixa de Gaza envergonha o Estado de Israel.

Não respeita crianças, mulheres e idosos. 

E persegue e mata selectivamente jornalistas, médicos, enfermeiros e funcionários das Nações Unidas. 

Os governantes de Israel envergonham a memória dos 6 milhões de judeus exterminados durante a 2ª Grande Guerra. 

Israel bombardeia, há 19 meses, uma faixa de terreno com uma extensão de Lisboa a Setubal (50km) e uma largura de 10 km. 

Hospitias e campos de refugiádos foram arrasados. Cemitérios lavrados. E o mundo fica calado com medo da Mossad.

A Mossad tem ética, Netanyahu não.

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O KITTY

Grande em tanta coisa, pequeno em coisa alguma.

Fica assim de epitáfio aos outros ainda por defuntar, de tão farto ando que a morte me não deixe tempo para escrever sobre os vivos. (foto: Kitty, o gato. livraria Shakespeare and Company. paris)

'É pura poesia!', dizia em almoço de peito de pato um voluntarioso

amigo que se tinha na conta da vida ao clamar-se fazedor de versos.

E como tratei de lhe explicar: 'não se mastiga, que este pato vem cheio
de nervos. Não é bem pato, é psicopato'. Ou como uma antiga namorada
decidiu imprimir-me de etiqueta: 'só os teus reversos rimam'. Tinha
muita piada essa garina.

Não é que em data oficial de defunto eu espere que a chuva graúda dê a boiar as almas perdidas, como se chegadas tarde a um encontro prometido. Aos mortos confunde-me não saber se me tomavam por faltoso fosse a história contada do avesso, como é certinho que um destes dias será. A segunda à esquerda, acho eu. Ou a primeira à direita.

Lembro-me de haver uma rotunda mas não sei se era só para confundir. Ou se as voltas foram feitas para trocar o destino ou se assim devo chegar a outro lugar, diferente daquele do qual parti nesse começo apontado a nenhures. Que ir faz mais sentido que ter de voltar. 'És um parecido entre os desaparecidos', como uma miúda em tempos idos 

Dos mortos do dia



os teve no sítio para dizer da minha alegada condição. gosto que chova, que me resvale na careca o aguaceiro, que bufem perdigotos de gelo enquanto conto os metros até chegar a casa. 

A de alguém, em me faltando uma que me chame pelo nome como se em teimosia o sítio só proclamasse os nevões.

De não esperar melhor paragem que o último bairro. E sabendo eu rir da matreirice pregada ao mais cabotino dos fados, não haver um pingo de sentido numa verdade desse tamanho. E que só no fim fique quieto, no lugar onde deveria ter ficado em pulgas.

A cada um a sua Jerusalém. a minha fica em Alfama, berço de jardim suspenso. Em tanta vez me ter alongado a contar os degraus ou caído de borco no empedrado como um distraído de Deus, para lá da portinhola esverdeada ao fundo com guita de puxar. 

E de não saber se por tropeção ali vi a luz original mesmo que nascido noutro lado. Como se o que importa contasse e o que é contado nem fosse importante. 

Que vindos ao mundo em gritos, nascemos no lugar onde em primeiro desatamos a rir.

A um amigo que se foi e de quem nunca soube o nome. 'Trata-me pela alcunha. Até eu me trato pela alcunha', dizia ele.

E insistia emensinar que quando em defunto não se morre por inteiro, quanto mais não seja em protesto por na tampa da caixa nunca aparecerem os dois ladrões. 

Estava na vida mas não era suposto sair dela. 

Prometeu estrebuchar até que o caixão lhe cobrisse a cova. Garantiu não defuntar apesar da ceguinha ciumeira de Deus. Jurou brilhar na rábulados dois ladrões a ladear o Cristo perdido, a ver a banda passar cantando coisas de horror. 

A morte, que só devia ser permitida às gentes cansadas que insistem em brincar às escondidas uma última vez, não vale o papel em que foi carimbada. 

Mesmo que Dismas e Gestas, incapazes de caminhar sobre as águas, tenham achado que chapinhar chegava e sobrava, réus dess'outro reino de figurantes de Gólgota onde os ouvidos há muito são cegos. 

O meu amigo viveu como uma alcunha em pó. Gosto de pensar que há um grãozinho dele a cada brisa. Ele ia gostar que eu gostasse de outra coisa qualquer menos disso.

em poucas palavras

Portugal assobia perante o horror da invasão de Gaza. Ao contrário de Espanha ou da Irlanda. 

Agora é a vez da Itália se ôpor à invasão, pela voz de Antonio Tajanidos, ministro italiano dos Negócios Estrangeiros da mais à Direita Giorgia Meloni.

18 mil crianças morreram num total de 50 mil palestinianos, segundo a ONU. Em 19 meses de invasão de um território do tamanho da peninsula de Setúbal. 

E os terroristas do Hamas? Mortos ou capturados? 

Não se viu um!

em poucas palavras, 2 pessoas avaliavam  o exterminio de 6 milhões de mortos de Judeus no Holocausto na 2ª Grandse Guerra, comparando agora com Gaza.

Diziam ser insignificante o numero de 52 mil mortos palestinianos  na invasão de Gaza por Israel. Em dois anos de bombardeamentos diários. 18 mil são crianças.

Entâo... perguntei: Algum dos senhores tem família entre as vitimas, em Gaza? Não. E na Alemanha? Tinhamos. Hum! Fiquei a perceber

Quanto vale um morto?

Matar à fome 

e à bomba

em poucas palavras, o Hamas faz muito jeito a Netanyahu; quem o diz é Paulo Portas. Enquanto Netan esmaga cruelmente a população de Gaza, afasta os seus problemas com a Justiça. 

À sua perspicaz, Portas não somou a falta de memória dos israelitas.

Há 80 anos, o nacional-socialista Hitler matou de forma brutal  6 milhões de Judeus na Europa.

Agora  matam à sede, fome e bomba milhares de homens, mulheres e crianças, em Gaza, na Palestina.

As palavras santas       de Agostinho da Silva

em poucas palavras, vale reviver Agostinho da Silva, apontando o dever do Mundo assentar em três pilares: Sustento, Saber e Saúde. Em tempo de guerras.... santas!

Sustento é coisa para ricos, empanturrados com a massa sacada do pratos dos pobres.

Saber é a arma de poderosos em birras que assassinam centenas de milhar de jovens, velhos, mulheres e crianças. Um horror a cada dia.

Saúde, basta ir à farmácia, onde o Povo só avia metade da receita. 

Porque razão os Agostinhos nunca serão Presidentes?

PUTIM É SÁBIO E BONDOSO ?

Trump, Putin, Israel, Ucrânia e sobretudo Gaza são temas banalizados e infelizmente perigosos para qualquer cidadão de qualquer país falar, desde logo por razões de segurança pessoal.

Mas aconteceu um golpe de magia nunca visto. O senhor Putin apareceu agora, pasme-se! como um homem bondoso e sábio. 

Ele explicou a Trump a história da Gronelândia. E também ficou triste por Trump não aceitar a sua proposta de tropas das Nações Unidas na paz em breve na Ucrânia. Nem mais!

Se John Le Carré fosse vivo mudaria o nome de Agente Smiley para Agente Putin, logo em "A Chamada para a Morte". E faria também uma reviravolta total no enredo do belíssimo livro"A Gente de Smiley".

Alexandra Gilkman voltava feliz para a Rússia, abraçando o pai às gargalhadas. E o general Oleg Kirov metia-se a cuscar pessoas para permitir a entrada de espiões na Rússia, sob cobertura de biografias falsas. Tudo ao contrário do que lemos durante anos.

DUAS PERGUNTAS DE PUTIN


Com apenas duas pequenas aparições, Putin obrigou-nos a duas perguntas graves:

Se os EUA querem a Gronelândia e o Canadá, porque razão os russos não podem ter de volta a Crimeia, que foi russa por centenas de anos?

Mais, porque razão se pode condenar a Rússia ao bombardear ´dia-sim-dia-não`  a gigantesca Ucrânia com drones-bombas, se os israelitas (com o apoio claro americano) bombardeiam 'dia-sim-dia-sim' Gaza, uma faixa de um terço do tamanho do Algarve?

Já nem falamos da Rússia ter morto num dia dez ucranianos, enquanto no mesmo dia (quebrando unilateralmente tréguas) um só ataque israelita matou 400 palestinianos. Claro que tanto faria um como mil, mas não faz!

Estamos a viver tempos de barbaridades sem limites.

E uma parte dos livros escritos com dedicação por John Le Carré tornou-se uma enorme incongruência. Não é possível rescrever a História, mas a História pode rescrever os livros que já lemos.

A guerra é uma estratégia cruel

em poucas palavras, os Estados Unidos da América estão numa nova aventura, com  Trump a "twitar" "os EUA dominam os céus do Irão".

Os americanos saíram humilhados do Vietname em 30 de Abril de 1975. E do Afeganistão a 30 de Agosto de 2021.

Muito milhares de norte-americanos morreram em 20 anos de cada uma das guerras: no Vietname e no Afeganistão. 

E não falemos da Invasão do Iraque.

Feitas as contas, usar a guerra para dinamizar a economia é uma estratégia cruel.

"O Americano Tranquilo "

em poucas palavras, os americanos preparam-se para mergulhar na Guerra Israel-Irão, comandados por um presidente descontrolado.

Trump governa por "twites", ameaça prender governadores de Estados, algema senadores, vai às escolas para expulsar crianças e, pior, insiste em vangloriar-se da sua imprevisibilidade.

Andámos enganados com o título maroto de "O Americano Tranquilo" de Graham Greene. 

O jovem Pyle não vai bem e não tínhamos percebido e Trump está ao nível dele.

Querem o colapso da Europa

em poucas palavras, a Europa vive uma preocupante onda de imigração vinda dos países arrasados no Médio Oriente. Arrasados pela Europa e Israel.

Com isso, a direita extremista-populista está a esmagar as Democracias. 

Quem chega traz no Islão a mão de Deus e vê no Ocidente a abundância.

Quem são os mentores desta estratégia para obrigar a Europa a comprar cabazadas de  armas, antes de desmoronar?

Não é só o senhor Putin!

em poucas palavras, a Justiça portuguesa ganhou a fama de errática e o Caso Marquês de José Socrátes é um bom exemplo disso.

Um super-juiz deixa arrastar o caso durante 7 longos anos. Carlos Alexandre investigou e assumiu papel contrário de juiz de Instrução, 

Ou seja mandou investigar o que o Ministério Público lhe trouxe e ele próprio sancionou o que mandou investigar.

Depois houve um computador que encravou e o juiz Ivo Rosa que mandou arquivar o processo. Agora, 11 anos depois José Sócrates afinal vai ser julgado.

A mesma cozedura em lume branco podia ter acontecido a António Costa, não tivesse ele ido para presidente do Conselho Europeu.

Pior aconteceu a Paulo Pedroso detido em directo na Assembleia da República por um juiz, por provas evidentes de pedofilia, e libertado 6 meses depois por uma juíza, por "falta de provas".

Veja a reportagem-entrevista de Carlos Alexandre  no Linha da Frente, RTP, ao 1'10 segundos.

A Justiça portuguesa é perigosa.

clique no video acima e veja por favor ao 1'13" 2 declaração: "Há treze anos atrás..." (começa por dizer)

Juiza diz se a reportagem serve ou não serve

A "roda da Sorte" que alegadamente atingiu parte da Justiça portuguesa, está patente num extrato de uma sentença da juiza A.Moreira, que (não em opinião) lavrando em sentença se pertime dizer se uma reportagem serve ou não serve.

É o sindrome de Di Pietro, ao retardador, uma vez que o juiz-politico italiano já rumou para a ONU. jrr

A Justiça portuguesa enfiou a humorista Joana Marques num Tribunal por uma piada de 1 minuto sobre o grupo musical Anjos, tornando-a alvo de uma 'Roda da Sorte': os Tribunais de Portugal

Pior só Antonio Di Pietro quando, nos finais dos anos 80, iniciou a ameaça de judicialização da Democracia Italiana.

Foi acusado de querer pôr juízes (o único poder não eleito) a governar por sentença, substituindo o poder legislativo e o poder do Presidente da Repúnlica

Silvio Berlusconi (já falecido) líder do partido 'Forza Itália' percebeu o interesse de Di Pietro pela política e foi muito mais longe. Em 1995, propôs-lhe a direção dos serviços secretos, conforme consta no interrogatório no Ministério Público de Brescia. jrr

Era uma vez os Templários 

em poucas palavras, o desparecimento da Ordem dos Templários pode estar relacionada com uma inesperada 'descoberta' dos seus cavaleiros: 

o conjunto de livros da Bíblia (do Deus justiceiro judaico) difere em absoluto do Deus (misericordioso) apostolado pelo judeu Jesus Cristo, da seita dos Essénios.

Por causa dessa alarmante 'heresia', os reis europeus ocidentais saquearam a riqueza dos Templários. 

E o Papa e os Judeus agiotas (que tinham absorvido as restantes 11 tribos de Israel, depois de tomarem o reino do mesmo nome a norte) aquietaram-se e continuaram a engordar.

Os judeus mudaram-se depois de Veneza para Lisboa para aumentar a capacidade de comércio com o Oriente. Enquanto continuavam a celebrar a Arca da Aliança com o seu Deus, que os salvará (só a eles) no final dos tempos (está na sua Bíblia).

Em nome da riqueza e também desse Deus já  massacraram dezenas de milhares de palestinos e não param de arrasar e usurpar as Terras de Canan. 

Esqueceram a brutalidade do Alemães há 80 anos.

E por querem esquecer, só muito dificilmente Primo Levi conseguiu editar "Isto é um Homem". E tempos depois, profundamente deprimido, suicidou-se.

solitários como os reis

Uma só voz de inumeráveis bocas?

De Eva a mulher astronauta, vivo todas as idades,

um fausto de lua lauta, no brilho das brevidades.

Canta-me um louco na pauta, demónios e divindades,

compartilham essa flauta, das minhas variedades.

Ó universo inventado, de noutros me perceber.

Tanto tempo utilizado, numa manhã por nascer!

Sujeitos a estranhas leis, com a sua loucura a sós

solitários como os reis, os poetas dizem: nós.

E pela mesma magia, que ainda ninguém entendeu,

no côncavo da poesia, um deus que falta diz: eu.

Podemos acreditar na Justiça portuguesa?

A pergunta é legitima e aflitiva, o texto abaixo foi extraído de uma sentença, onde José Rodrigo dos Santos testemunhou durante uma hora (apenas estas 11 linhas, termina em "que indicou" e..nada).  Ao ver o jornalista e escritor entrar na sala a juíza exclamou: "ainda bem que veio, para eu o poder ver ao vivo e a cores" (existe gravação da audiência).

O texto extraído da sentença não reproduz as verdadeiras declarações de José Rodrigo dos Santos e indicia perturbações graves em várias áreas.  A juíza não sabe escrever? Tem problemas de expressão? Está mentalmente perturbada?   jrr

Era uma vez os Templários e agora os judeus!

em poucas palavras, o desparecimento da Ordem dos Templários pode estar relacionada com uma inesperada 'descoberta' dos seus cavaleiros: 

o conjunto de livros da Bíblia (do Deus justiceiro judaico) difere em absoluto do Deus (misericordioso) apostolado pelo judeu Jesus Cristo, da seita dos Essénios.

Por causa dessa alarmante 'heresia', os reis europeus ocidentais saquearam a riqueza dos Templários 

e o Papa e os Judeus agiotas (que tinham absorvido as restantes 11 tribos de Israel, depois de tomarem o reino do mesmo nome a norte) aquietaram-se e continuaram a engordar.

Os judeus mudaram-se depois de Veneza para Lisboa para aumentar a capacidade de comércio com o Oriente. Enquanto continuavam a celebrar a Arca da Aliança com o seu Deus, que os salvará (só a eles) no final dos tempos (está na sua Bíblia).

Em nome da riqueza e também desse Deus já  massacraram dezenas de milhares de palestinos e não param de arrasar e usurpar as Terras de Canan. 

Esqueceram a brutalidade do Alemães há 80 anos.

E por querem esquecer, só muito dificilmente Primo Levi conseguiu editar "Isto é um Homem". E tempos depois, profundamente deprimido, suicidou-se.


As demolições dos casebres ilegais em Loures são uma vergonha para o Partido Socialista.

Dar 24 horas aos indigentes - para abandonar um tecto de chapa, agarrando nos aos poucos pertences para ficarem

debaixo de uma ponte - não é a matriz do Partido Socialista, fundado e liderado por Mário Soares, durante anos. Presidente da Câmara Ricardo Leão mandou a sua vereadora Paula Magalhâes - com o pelouro da logística e da polícia - dar a cara. Que mulher tão desumana.

A propósito fui ler "Ratos e Homens" de Steinbeck, onde 2 homens atravessam a América à procura de casa e trabalho.

E também fui ao You Tube rever as fotos de Gérald Bloncourt, retrato das centenas de milhar de portugueses que abalaram para França, onde viveram em bairros de lata, os "bidonville". 

Temos memória curta e não lemos os evangelhos do cristianismo. Gerir uma Câmara, não é pôr mulheres e crianças na rua. É arranjar soluções. Que gente vergonhosa.

Os emigrantes portugueses nos anos 60 em Paris

Dizer os nomes de crianças é crime, diz Manuela Eanes

em poucas palavras, vale tudo no Parlamento para o Presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco,.

Não modera, não impõe urbanidade e permite  discursos exaltados e cheios de ódio.

O alerta vem do Casal Eanes a propósito de nomes de crianças revelados no Parlamento. 

O Casal Eanes tem sido um farol de bom senso, coerência e integridade. Dizer nomes de crianças, em qualquer discurso, é crime.

Azarentos 

que rezam

Morrem como deuses quem os jovens amam. Não há manhã que acorde e me não lembre de em feriado ter sido ferido em rasgos desses. Atendo a mais velórios que a baptizados, preço simpático a pagar por em sexagenário estreante sobressair em exercício de esquecimento.

Sem o ressábio ou o paciente vôo do abutre que se esqueceu das graças da morte. Ferido de vida, isso é que faz sentido. 

O resto são azarentos que  rezam sem saber nicles da sorte e sortudos caídos em desfortuna de crer que existe o destino, esse mais-que-vadio dos fados.

Feliz entre a santíssima trindade de amores, amigos e pisca d'olhos, saberia o que resta da vida se desse por mim capaz de reconhecer as sobras do céu. Um destes dias vou ter de fazer por passar a fase de grupos e lutar pelo apuramento. Ou sair em lesão como um anjo triste a quem coube inteiro o ditado 'na maca que farás, nela te sentarás'. E à espera deter o azar de ter tal sorte

Tribunal deita abaixo plano de recuperação


O fim de várias importantes publicações, como a Visão, Jornal de Letras e Exame  diminuem a Democracia, cada vez mais refém das redes sociais cruéis, autênticas destilarias de ódios, fábricas de noticias falsas, boçalidades e analfabetismos.

O Tribunal competente não aceitou a recuperação da Trust In News, aprovada por 77% dos credores. Luís Delgado o único acionista não queria os seus bens pessoais nas garantias. Era uma exigência razoável, mas a Lei não aceita.

Delgado ficara com as revistas que Balsemão não quiz, em troca de nada e com dividas de milhões. Uma facto estranho.

Durante meses todos fizeram os impossíveis para levar os anunciantes às suas páginas e os leitores às bancas.

Mas a má sorte estava traçada, por causa da dispersão urbanística e da estúpida ideia de serem os jornalistas responsáveis pelas intrigas e dificuldades do País.

Em rigor, muitos portugueses preferem abraçar a maledicência, agora com o Rolls Royce das redes sociais, onde até partidos políticos vão buscar textos para lerem no Parlamento e... afinal brr! depois confessam (ao Observador, por exemplo) que não confirmaram a fonte!

Estamos em tempos onde quem tirar um dente de leite a um filho, pode reclamar o título de especialista em medicina dentária.

E solução? Não será cruzar os braços perante o caos e os juízes sem bom senso. Há-de haver uma solução para este labirinto que está a ser erguido por tiranos.

Sócrates Super Star

em poucas palavras, o presidente da Assembleia da República

Provas em 11 anos de investigações? Nada!

Já Berardo também gostaria do mesmo sucesso televisivo, mas a sua prestação no Parlamento foi patética! Chumbou.

Contra ele, o Ministério Público tem agora as actas assinadas do seu alegado saque de 1 000 milhões aos portugueses. Irá a julgamento.

E o resultado em tribunal? Sócrates será condenado. Joe Berrado não será condenado, 

A Justiça estará em linha com as emoções. Mais uma vez. 

 o restdo putedo


Telefonema fora de hora: foi-se Margarida. A que tinha por causa pública ser absurdamente anônima. Não tem de morrer forçosamente jovem quem os deuses não fazem a pôrra de uma ideia de como se chama. 

Viveu feliz de imaginar ser o que devia ter sido. Morreu nos seus termos antes que alguém soubesse da marosca e levou anos nisso. Peguei em sorte em vida, como uma alegoria. No meio do fim só me pediu que eu desse um jeito de não sepultá-la nos prazeres: 'é um nome muito infeliz p'ra cemitério'. 

Vou recordá-la pela fama auto-infligida no mais cerrado secretismo, tornado lema na frase: 'sou tal e qual o resto do putedo'. Para mim morreu diferente entre nem sequer parecidos. 

Que nem metáfora de si mesma, essa garota não teve a cachola de vir a ser e preferiu ser quem foi, só por despeito aos outros não saberem como se assemelhar a ela.

A América já foi assim... há  50 anos


A  América mudou

Os Estados Unidos mudaram  muito, esqueceram os tempos do "make love not war", cantado no Festival de Woodstock de 1969. Nessa altura, os hippies ganhavam o coração da América e a guerra do Vietnam era contestada. Todos ainda acreditavam no impossível  "sonho americano".

Mas tudo isso se desmoronou com a chegada ao poder do primeiro presidente negro, Barak Obama.

Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz ao prometer acabar com a prisão americana de Guantanamo em Cuba, mas isso não aconteceu. Ao contrário do que se supunha, Obama será o presidente que mais fez guerras no mundo. Lembremos o cinismo da Primavera Árabe

Começou aí um inesperado caminho autoritário e isolacionista que desembocou numa reeleição do Donald Trump (em 2024, pela segunda vez). Trump é casado agora com a modelo Melanie que obteve o Visto EB 1, destinado apenas a estrangeiros de alto QI. Terrível América essa! JRR

Trump desfez o "sonho americano" e enviou para Tribunal cxrianças que cruzaram sozinhas a fronteira com o México


O difícil  senhor Salinger

Para perceber melhor a América de hoje, é útil ler o "Apanhador no campo de Centeio" de J.D. Salinger.

O resumo da Amazon é o seguinte: 

Um dos romances mais revolucionários do século XX, "O apanhador no campo de centeio" é a representação definitiva da juventude na literatura. 

Com mais de 70 milhões de cópias vendidas desde seu lançamento em 1951, o livro influenciou e marcou gerações de leitores com sua visão crua da adolescência, sua prosa ágil e desbocada e seu humor feroz e anárquico. 

Esta nova edição está traduzida em brasileiro Caetano W. Galindo e, pela primeira vez, traz a capa original de seu lançamento.

Holden Caulfield é o protagonista e narrador fictício, adolescente de família abastada, do romance "O apanhador no campo de centeio" de J. D. Salinger. Desde a publicação do livro, Holden tornou-se num símbolo da rebeldia e angústia adolescentes, permanecendo  um dos mais importantes personagens da literatura norte-americana do século XX.

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Hiper-mercados  acusados 

de cartelização

 chorando pelo homem errado


O António era um grunho. Tinha a tara de desrespeitar tudo o que era amável. Finou-se de madrugada, ao que me dizem, à hora em que somos os últimos a dar por nós em vivos. 


Em tarado tinha por filosofia 'a vida está dividida em três partes: há as mulheres que são boas, as mulheres que são más e as mulheres que alternam'. 

Nenhuma das três vai ter saudades do António, que ele há defuntice em que chorando pelo homem errado esperamos carimbar-lhe a morte certa. Se não cromarem o António, dele se dirá que veio à vida para dela melhor se pirar.

Prefiro em antecipação só dele me lembrar em fantasma antes que o António se multiplique. Ou como um dia tive de explicar a um outro António que achava que eu só tinha jeitinho para abusar das vogais como um argumentista de filme porno: 'ó pá, isso é consoante...'

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em poucas palavras, os jornalistas matam o jornalismo quando sentam o cu e fazem de ressonância - por exemplo - de um senhor Leão, que já se devia ter demitido de presidente da Câmara de Loures.

Numa tv, senhor Leão garantiu existir uma "máfia das barracas", a quem as famílias indigentes e ilegais pagam 2 mil euros por 4 barrotes e meia dúzia chamas de zinco.

O senhor Leão falou e todos começaram a surfar a "conspiração", a coisa mais agrada aos facebookeiros e também do senhor Ventura (financiado por um vendedor de armas ao Estado e por um promotor imobilIário).

o cu sentado nas redações...

mata o jornalismo

A propósito do senhor Leão, recebi um alerta de um  consagrado jornal e jornalista, replicando a tese do senhor Leão.

"E tens provas disso? Recibos? Ou vá lá, uma escutas do tipo "meu caro?" "Tenho uma fonte da Segurança Social, que não quer ser identificada". "Ora bolas! Isso não é nada!"

Igual a esta mão cheia de nada, só Sandra Felgueiras, que na RTP passou a vida sentada a fazer... "jornalismo de investigação"! Eu vi!  Foram anos a fio.

Na RTP, íamos e vínhamos de reportagem e Sandra Felgueiras sentada, de telemóvel na orelha

Eu vi! Durante largos anos.


O meu amigo turco cipriota Abdul Ahmed ri-se porque estar em na cidade de Paphos (antiga capital cipriota) é igual a estar no enclave de Kalinegrado na Europa, no mar Báltico. 

Há russos em todas as esquinas, bares e praças. Os russos vêm de férias, muitos à procura de sexo, sol e praias, enquanto as suas torpas bombardeiam sem limites, todas as cidades da Ucrânia.

E isso irrita muito, porque é (clarinho) que a Rússia vai ficar com a Crimeia e o Donbass. E pronto.

O senhor Jens Stoltenberg, patrão da NATO, tem enganado os europeus, acenando com uma vitória da Ucrânia sobre a Rússia. O que não vai acontecer, já se percebeu. Stoltenberg é acólito de Trump  em enviou-lhe até um SMS: "Ó pá! Já os convenci a  comprarem um balúrdio de armas, a ti".  

Por causa do senhor Stoltenberg Portugal vai gastar em armasr 15 mil milhões, todos os anos, uma verba 

de Paphus com amor

russos de férias em Chipre

superior ao Orçamento para a saúde. Já não bastavam os submarinos do Portas. Nikos (outro amigo, mas gregomcipriota) ri-se: "Há dois 2 anos o governo grego comprou 4 submarinos tipo Ty 214. Agora temos 11. Todos fabricados na Alemanha.

Onze? sublinhei euE  Abdul respon deu curto e grosso: é para ajudar a economia alemã e para alguns (do costume) receberem luvas. Ok! Encolhemos todos os ombros e pediu-se uma nova rodada de brandy shur. 

GAZA é igual ao Gheto de Varsóvia



à noite, em Paphos, aqui em Chipre, chegam os murmúrios dos gritos de fome das crianças em Gaza. E as gaivotas falam de horrores, apenas comparáveis ao Holocasto. 

Em Gaza, os palestinos são agora a assassinados a tiro nos pontos de distribuição de comida. Ás centenas e de forma intencional pelas forças armadas israelitas, conta J.S. da agência turca, enquanto de naifa em riste vai cortando tiras de pão para ensopar em azeite.

Não era necessário ele dizer, vê-se todos os dias, a todas as horas na AlJazera, em directo via telemóvel-satélite.

No correr destes tempos de chumbo, Paphos abarrota de turistas russos e de espiões de todas as cores. Mas os espiões sentem-se tristes. 

Aquilo em Gaza é uma chacina, desabafa A.B da Arábia Saudita, bebendo brandy shur. Ao mesmo tempo, L.C. do MI6 acena com um baralho de cartas. Mas o alemão G.R. não quer jogar, nem ele nem ninguém. 

Aparece agora Y.Q. de Israel, de camisa de linho, de cabelo a pingar, acabado de sair do chuveiro. Senta-se acabrunhado. E o Italiano G.A. revolta-se: Eh, pá! Vocês estão a matar milhares de bambinis... Isso é o holocasto do povo palestino. É uma merda!

Oi! Interrompe o russo I.S., apontando para mim, não escrevas nomes. E baralha as iniciais. Ok? Ok!

de Paphus com amor

Desde ontem, em Paphos, todos aguardam por um telefonema encriptado. Aquilo nunca desvia estar a  acontecer. A diplomacia e a espionagem seriam sempre os melhores caminhso.

Os espiões servem para encurtar guerras e por isso a declaração do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, foi bem recebida ao almoço. Há grande expectativa sobre as próximas horas.

O noite está abafada. O italiano G.A. fala com o russo I.S. No Holocausto, os hebreus estavam acompanhados de ciganos, intelectuais, políticos, homossexuais e maçons. Sim? Mas em Gaza, nos dias de hoje, os palestinos estão sozinhos, sem mais ninguém. Faltam-lhes apoios. Ui! Ali enfiados sozinhos numa nesga de terra do tamanho da área metropolitana de Paris. 

A noite continua quente. O garçon trouxe mais uma garrafa de  brandy shur e ninguém quer jogar às cartas.

 não sei se isso conta







E tocas-te?', como o padre afogueado em água benta me inquiriu em miúdo em confissão. Ao que respondi: 'enfiei o dedo no nariz e soube-me a sal com açúcar. não sei se isso conta...' 

Foi o começo e o fim da minha carreira em asas. Sigo ainda a pé com os tansos e no caminho grunho como os mansos, a perguntar-me se só o purgatório sabe gerir segredos ou se há qualquer coisa depois disso.

GAZA... se o outro lado não existir?



ainda não eram 7 da manhã aqui  em Paphos, Chipre, quando o meu amigo italiano Giulio bateu desalmadamente à porta do meu quarto. José! José!

Eufórico, porque o Canadá se havia juntado ao Reino Unido e à França no reconhecimento da Palestina como estado independente.

Estão atrasados 77 anos da decisão das Nações Unidas de 1948 - disse eu.

E depois? abespinhou-se ele. 

E depois Meloni e Mertz ainda vacilam em interditar o acesso de Israel a fundos europeus para o desenvolvimento de engenharia informática. 200 milhões de euros.

E depois? 

E depois, atalhei eu, dá cá um abraço porque o mundo é uma farsa.

No abraço ressenti dúvidas sobre o verdadeiro patrão de Giuglio: Itália ou o Vaticano?

Novidades? perguntei eu, enfiando 4 fatias de pão escuro na torradeira.

Querem-me em Gaza para conversar com a outra parte. 

E entras como?  

Pior será descobrir quem é o outro lado, desanimou ele. E  se o outro lado não existir?  se o outro lado for um papão para justificar aquela terrível matança, 

GAZA... há dúvidas 

sobre narrativa do 7 de Outubro 

               de Paphus, Chipre, com amor


duas da tarde. 

sim, mais um copo disso! Da zivania aguada? perguntou Igor, à cautela a Giovani. Claro! eu não sou russo. 

Igor fingiu não ter ouvido e encheu também o meu copo e o dele, porque é impossível suportar o calor de Paphos, sem deitar mão a uma zivania carregada de gelo.

Lá do canto, Giovani voltou a resmungar de copo em riste contra Yale, o israelita. Vocês sempre vão ocupar Gaza por inteiro?  Claro que sim, pá!  Ah! Essa é boa! E qual é a história que vão inventar?

E emborcou o copo, mas respigou de imediato: qual é a porção de água nesta mistela? Meio a meio, porque o bagaço está nos 60 por cento de álcool, confirmou Igor.

Yale? retomou Giovani. Se o Natanyahou também quiser rebentar com a nossa querida ilha, é só acender um isqueiro numa pipa de zivania. E desatou a gargalhar.

Querem mais gelo? perguntou o taberneiro Giorgio, homem imponente, filho de Afrodite, gerada nas ondas de Paphos. 

Põe o gelo num jarro, Giorgio.

Olha lá! continuou Giovani. Os américas publicaram na CNN imagens de 6 campos de treino daquela malta, junto ao muro, ainda antes do tal 7 de Outubro. Viste? Mas Yale não respondeu. Estava ocupado com os envios no telemóvel.

Giovani voltou à carga. Que raio de história tão mal contada. Então os vossos soldados nem tuz nem muz, lá  empoleirados nas guaritas do muro mais vigiado do mundo? E Yale não respondeu. Se fosse um peido, respondias, azedou Gionavi à conta de tanta zivania.

E eu lembrei-me do Sobral português, vencedor de uma Eurovisão, que sumiu por causa de peidos. "Ei lá! Vocês batem palmas por tudo e por nada, até vão aplaudir os meus peidos!"  disse e está desaparecido.

Giorgo! bota mais gelo no jarro, para cortarmos a zivania, pediu Giovani. Quem teve a bela ideia de pôr morangos e limão nisto. Eu, acusou-se Samio, o turco. A Turquia sabe  temperar o islão com o cristianismo e sorriu. Foi por isso que nos meteram na NATO.

Aaah! teatralizou Giovani. Pois eu julgava que tinha sido para comprarem mais F16 aos américas, para eles darem gás ao sonho americano. Giovani! Sim?! Não bebas mais zivania. Então bebo o quê?

Paphos 5 de Agosto 2025 *nota: os nomes referidos não são os verdadeiros, exclulndo Sobral

sonho mal parido antes da dormida

Já nem sei de onde veio a história. Insisto em meter na cabeça que é real, a confissão do tipo meu conhecido que se vinga da namorada e lhe estilhaça a cara, travando o carro a fundo depois de lhe desencaixar a fivela do cinto de segurança. 

Um horror de sonho mal parido antes da dormida, deve ser isso. No pesadelo a história confunde-se com uma velha piada: 

a amante abandona a casa do amado e em despeito rasga todas as duas últimas páginas da sua venerada colecção de policiais deixando em manuscrito o recado: 

'assim nunca vais saber como as histórias acabam ou quem era o assassino...' Suponho que o sono é o toque do recreio da imaginação, mas ele há noites ou sestas em qu faria mais sentido eu ficar acordado.

um tgv chamado desejo

TGV Lisboa - PORTO: esbanjar dinheiro para caçar votos 

A Streetcar Named Desire  ou  Um Eléctrico Chamado Desejo foi um filme drama norte-americano de 1951, dirigido por Elia Kazan, e com roteiro baseado na peça A Streetcar Named Desire, de Tennessee Williams. 

O enredo: DuBois é uma madura mas ainda atraente mulher sulista que gosta da virtude e da cultura mas que usa isso como escudo para esconder sentimentos de amargura e desilusão, além do vício do alcoolismo. 

Ao mesmo tempo em que foge da realidade, Blanche ainda busca atrair pretendentes. 

Ela chega ao apartamento da irmã Stella Kowalski, em New Orleans, usando o bonde (elétrico) que faz a rota chamada "Desire". 

Esse novo ambiente abala os nervos de Blanche. Stella teme a reação do marido Stanley com os modos e a doença da irmã. 

Blanche diz que trabalhava como professora de inglês, mas que teve de parar por causa de sua doença nervosa. 

Na verdade ela foi despedida por se envolver com um garoto de 17 anos de idade. Seu marido se suicidara e ela fugira da sua cidade para escapar dos problemas. in wiki

gostei do título de um extraordinário filme inspirado no livro de Tennessee Williams, e parece-me ser um bom mote para o disparate da construção de uma linha ferroviária de Alta Velocidade (TGV) entre Porto e Lisboa.

Querem usar o nosso dinheiro (fruto do trabalho dos portugueses) para engordar os empresários que vivem à custa dos dinheiros públicos e para tal dão gás a ideologias populistas.

(Viajei há um mês para o Porto no comboio Inter-Cidades e voltei no Alfa, com uns 30 passageiros (contei-os ainda nas plataformas de embarque)!

O TGV vai custar 8 mil milhões de euros para transportar diariamente apenas 300 passageiros para um lado e para o outro. E não foi revelado ainda o custo-benefício de esta nova obra faraónica. 

Nem se sabe se Portugal vai fabricar um único parafuso. 

O mais certo será um pacote-chave na mão impingido pela Alemanha, com  recurso aos escravos angolanos a carregar brita.

TGV vai demorar 

o mesmo tempo do Alfa

Querem reduzir o tempo de viagem para 1h 15 minutos, agradando aos 300 felizardos e sobretudo às cidades e vilarejos... onde o TGV vai parar, para caçar votos.Feitas as contas, o TGV irá demorar as mesmas 3 horas do Alfa-Pendular.

Seria mais justificável a ligação à rede de Espanha- Europa, numa linha Lisboa a Badajoz, via Alentejo. Mas não acontecerá porque atravessaria o deserto do Alentejo (Mário Lino em 2007). E um deserto populacional não dá votos.

Nessa lógica as próximas linhas TGVs serão a de Sintra e a de  Cascais! Os políticos gostam de alimentar desejos... perdulários

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Quando os ventos já sopravam liberdade


original do discurso de Miller Guerra na Assembleia Nacional

João Miler Guerra foi um neurologista feito deputado da Ala Liberal na Assembleia Nacional, antes do 25 de Abril de 1974, quando a liberdade já vinha nos ventos. de todos os lados.

No início de 1973 Miler Guerra tomou, a palavra na vez de Francisco Sá Carneiro, que ficara retido no Porto, por causa de uma avaria num avião. 

Levantou-se, tossiu e questionou o governo de Marcelo Caetano sobre a intervenção policial na Capela do Rato, onde católicos faziam uma vigília contra a Guerra Colonial. 

Os deputados Tenreiro e Casal Ribeiro pegaram nos pesados microfones de então e tentaram agredir Miler Guerra imperturbável na leitura do texto, cujo original publicamos. 

Assisti juntamente com outros 10 alunos do Liceu de Queluz, levados pelo padre Alberto Neto, um revolucionário anarquista sorridente.  

Era revolucionário porque dava a s aulas no anfiteatro de cimento e anarquista porque não tinha fio condutor no que dizia. E sorria, sorria muito.

Os ventos já sopravam a favor da liberdade. E até as 23 poderosas-famílias já sonhavam com novos negócios e novos mundos.

MIGUEL TORGA: "ELA NASCEU PÓSTUMA"

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma. A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Daí as incompreensões, os desajustamentos sofridos toda a vida. Incompreensões e desajustamentos motivados por um certo anedotário gerado à sua volta - de que ela foi co-responsável por poses, exotismos que a cracterizavam. Reconhecendo-o, afirmará "falar-se muito da minha personalidade, transformando-a num espectáculo para abafar a minha obra" FD

Não vou amontoar metatretas. O futuro da casa não se segura em pilares assim nem serve na sua mal guiada exaustão para base de café ou pires de absinto. São os livros, rapaziada. são os livros. 

Que me hei-de finar como um fitilho de páginas sepulto entre lombada e desfolhadas.

E rir do heroísmo em falta por tal feito.
foto: The Twilight Zone. 'Time Enough at Last' 1959. Burgess Meredith.

"Quem matou a Visão?"


A revista Visão acabou mas pode recomeçar facilmente com a palavra "Nova", no cabeçalho Visão. 

Tal como aconteceu com a "Nova Gente", retirada ao Expresso ("Gente") por Jacques Rodrigues, agora rico por graça da construção civil e não do jornalismo.

O problema não é pois continuar ou recomeçar. O problema é saber quem matou a Visão, coisa comparável ao livro de Agatha Christie "Crime no Expresso do Oriente", onde todos são cúmplices do crime. Há leitores para a Visão?

A Visão desceu dos 87 mil exemplares de 2013, para 26.550 em 2020. E, de então para cá, passou a ser desconhecido o número exacto de exemplares impressos.

Se número de 26.550 for fiável, nasce a pergunta: uma publicação pode sobreviver sem publicidade e com um número tão baixo, quando mais de 50 por cento do preço de capa é o custo da distribuição?

Em rigor "Quem Matou a Visão?" não foram os jornalistas que fizeram do melhor jornalismo do mundo. Foram  os portugueses que andam de beijo na boca com o tik-toks, com Fátima e com o futebol.

Comentamos com vigor os futebóis de milhões euros. largamos o couro e o cabelo em Fátima, nos bolsinhos do Bispo de Leiria do  Banco do Vaticano (IOR). Mas deixámos de comprar o que era bom: a Visão!

E o recém dono da Visão, Luís Delgado é o único inocente nesta história, porque aceitou uma cabazada de publicações de Balsemão, como se fosse uma missão possível, sabendo que estava a comprar ruínas.

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"Visão uma batalha perdida?"


A revista Visão e em geral a Imprensa vão ficar na história de Portugal como o quinto grande esbanjamento dos últimos 5 séculos.

Primeiro foram os Descobrimentos (só restou o Mosteiro dos Jerónimos). Depois foi o Ouro do Brasil (só ficou o Mosteiro de Alcobaça). Mais recente, foram a Febre do Volfrâmio e a corrida dos diamantes da Diamang (tudo derretido).

Por último, seguiram-se os milhões dos Fundos Sociais Europeus.

Destas 4 enxurradas de bens e notas de crédito, desapareceu tudo e sem rasto.

E agora? Agora estamos alegremente a matar a Imprensa, o melhor investimento destes últimos 50 anos e o mais precioso capital de um país: a palavra escrita. Esbanjamos tudo, alegremente.

José Ramos e Ramos

A única causa que conheço pela qual vale a pena combater é a de lutar para que o bom senso se torne comum. 

Que por me faltarem tantas peças ainda sou demasiado pacóvio para ser um puzzle. Vai-se vivendo.  Ou, à falta de carro, vou andando. E se nem conduzo automóvel, muito menos guio o povo à vitória. Mas a minha causa é justa.

L'École des Arts Joailliers e Van Cleef & Arpels é a Escola das Pedras Preciosas Duras


A L'École des Arts Joailliers permite ao público descobrir o mundo da joalheria num cruzamento entre a história e o savoir-faire, entre os materiais e as gemas.

Fundada em 2012 com o apoio da Van Cleef & Arpels, ela oferece cursos, conferências, projectos de pesquisa, exposições e publicações, em Paris, Hong Kong, Xangai e Dubai – seus quatro locais permanentes – e no resto do mundo por meio de sessões itinerantes.

L'École des Arts Joailliers e Van Cleef & Arpels, abriu as suas portas do seu mais novo empreendimento no coração de Paris. Fundada em 2012 com o apoio da Van Cleef & Arpels, a escola inaugurou agora um novo e amplo espaço — uma área de exposições, livraria, biblioteca bem equipada e num ambiente elegante que reúne uma variedade de cursos, oferecendo formação em temas que vão desde gemologia até a história da joalheria e o savoir-faire em geral, incluindo técnicas de cravação e design com laca.

O acesso do público ao mundo da joalheria 

L'École está localizada no Hôtel de Mercy-Argenteau, em estilo Neoclássico outrora uma residência privada.

De acordo com Nicolas Bos, Presidente e CEO da Van Cleef & Arpels, o objectivo desta instituição é "proporcionar acesso ao mundo da joalheria ao público mais amplo possível."

Bos explicou num comunicado, que eles escolheram o Hôtel de Mercy-Argenteau, localizado no "9º arrondissement" de Paris, por vários motivos.

"A sua fachada é tão discreta que cria um elemento de surpresa", disse Bos. "Quem esperaria encontrar um cenário tão bonito ao cruzar o limiar da sua porte-cochère?"

Le Hôtel foi restaurado

Construído em 1778 a partir dos planos de Firmin Perlin e financiado pelo Marquês de Laborde, o Hôtel de Mercy-Argenteau deve o seu nome ao seu primeiro ocupante, Florimond-Claude, Conde de Mercy-Argenteau, embaixador austríaco na França de 1766 a 1790 e braço direito de Maria Antonieta. 

Destacando-se tanto por ser uma das primeiras residências construídas ao longo dos Grands Boulevards de Paris quanto por ser uma das últimas a ser preservada, o hôtel, constantemente transformado e recentemente restaurado, hoje abre suas portas a estudantes e visitantes da L'École des Arts Joailliers.

Exposição Recriando o Gesto: Réplica do Torque Celta de Montans

De acordo com a sua missão de compartilhar o conhecimento e a cultura da joalheria, a L'École des Arts Joailliers, apresenta publicamente o projecto de pesquisa radicalmente novo, na confluência entre a arqueologia e a história das técnicas, de 3 de Julho a 21 de Setembro de 2025, no Hôtel de Mercy-Argenteau, em Paris.

Entre os projectos de pesquisa realizados pela L'École des Arts Joailliers, a recriação do torque de "Montans" é absolutamente única: o objectivo desta aventura colaborativa em arqueologia experimental foi compreender as habilidades e técnicas de um determinado período por meio da reprodução do objecto estudado. 

Neste caso, um torque celta, um tipo de colar rígido feito de ouro, descoberto em 1843 em "Montans", na região do Tarn, no sul da França, e datado da Segunda Idade do Ferro (450–25 a.C.).

A possibilidade de interagir com o ouro

Quando a L'École des Arts Joailliers, propôs recriar o projecto — iniciado pelo Centro Arqueológico de "Montans", pelo "Musée d'Archéologie Nationale" em Saint-Germain-en-Laye e por Barbara Armbruster, do CNRS (Centre national de la recherche scientifique, o Centro Nacional de Pesquisa Científica, a maior organização pública de pesquisa da França, actuante em todas as áreas do conhecimento) - a ideia foi recebida com entusiasmo imediato.

Havia a oportunidade de interagir profundamente com um material - o ouro - e, além disso, de compreender um colar celta com mais de 2.500 anos, cuja complexidade até então era incompreensível. 

O ourives Antoine Legouy, mestre cinzelador e Meilleur Ouvrier de France (título concedido exclusivamente na França, que certifica um altíssimo nível de qualificação na prática de uma actividade), contribuiu para a recriação e compreensão dessas formas extremamente delicadas, em colaboração com arqueólogos e com Gregory Weinstock, Director de Métiers de Alta Joalheria da Van Cleef & Arpels.

Redescobrir técnicas esquecidas

Gregory afirmou que pensar a forma através das acções da mão esteve no centro das preocupações comuns. Referindo-se aos Celtas, Antoine Legouy diz que pensou a partir do lugar deles, que para ele o desafio era "seguir os seus passos": redescobrir técnicas esquecidas.

Acerca do projecto da réplica do Torque de "Montans," Emmanuelle Amiot curadora da exposição, afirmou: "O que levo dessa experiência é a contribuição dos ofícios para a compreensão do objecto. 

A pesquisa não pode prescindir dos artesãos. A inteligência da mão, o saber dos artesãos são decisivos e complementam o conhecimento erudito, e vice-versa.  Essa troca alimenta a história da arte e a arqueologia, que, por sua vez, enraízam as artes e as técnicas no longo prazo, no tempo da História."

A história do Hôtel de Mercy-Argenteau

Durante a exposição em Paris, os visitantes podem descobrir a arquitectura e a história do Hôtel de Mercy-Argenteau, que abriga todas as actividades da L'École des Arts Joailliers, desde Junho de 2024.

Esta mansão do século XVIII, classificada como Monumento Histórico, é uma das mais antigas residências privadas preservadas nos Grands Boulevards de Paris e deve o seu nome ao seu primeiro ocupante: o Conde Florimond-Claude de Mercy-Argenteau, uma figura de grande influência que foi embaixador de Maria Teresa da Áustria junto à corte do Rei da França.

Um programa cultural, incluindo mesas-redondas, é oferecido como parte da exposição. 

O novo formato expositivo de L'École

A mostra viajará, de 24 a 30 de Novembro de 2025 para Lyon, como parte do evento "de Mains en mains", organizado pela Maison Van Cleef & Arpels e baseado na transmissão do savoir-faire joalheiro.

A L'École des Arts Joailliers criou um programa, através de um novo formato expositivo, Élise Gonnet Pon Directora Geral da L'ÉCOLE, des Arts Joailliers, França & Europa, disse:

"O programa de verão destaca o savoir-faire, um dos pilares da transmissão na L'ÉCOLE. Através de um novo formato expositivo, a L'ÉCOLE revela um projecto de pesquisa inédito, realizado em parceria com o Centre Archéologique de Montans e o Musée d'Archéologie Nationale.

Ao mesmo tempo, a L'ÉCOLE abre os esplêndidos espaços do Hôtel de Mercy-Argenteau, permitindo aos visitantes aprofundar a sua descoberta da história e da arquitetura com visitas aos salões classificados dos séculos XVIII e XIX."


Theresa Beco Lobo é licenciada pela Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa e doutorada pela Universidade de Sevilha, Espanha, em 2005. Professora Catedrática na Universidade UEHS - University of Economics and Human Sciences, (with the course of Fashion Design & Sustainable, Fashion Management), Warsaw, Poland e Professora Catedrática no IADE -Universidade Europeia, Lisboa, desde 1985.

De 2008 a 2024 é Visiting Professor do School of Art Institute of Chicago (SAIC) e Professora Honorária do International Institute MSKPU, Warsaw, Poland. Fez o Pós-Doutoramento na Carnegie Mellon University, EUA, em 2009. É membro de investigação da UNIDCOM/IADE, Lisboa, através da qual tem apresentado conferências em Portugal, EUA, Índia, China, Turquia, Grécia, Espanha e Polónia e mais de 30 artigos publicados sobre design em revistas científicas. De 2008 a 2024 é Visiting Professor do School of Art Institute of Chicago (SAIC) e desde 2020 é membro de investigação da FIT (Fashion Institute of Tecnology), New York, USA.

Participou em exposições coletivas e individuais de Pintura em Portugal, Bélgica e EUA. Contribuiu com artigos sobre História de Arte, Design e Moda em revistas da especialidade, como MODA&MODA, Casa e Jardim e Quilate tendo publicado mais de 400 artigos. É jornalista creditada pela Foreign Press em Nova Iorque, EUA, através da revista MODA&MODA e correspondente, dos museus: MOMA, MET, Guggenheim e National Gallery, Washington, USA. Design Museum, Victoria & Albert Museum em Londres e Musée des Arts Décoratifs, Musée du Louvre entre outros. Recebeu prémios como: IADE Investigação e Docência 2014. ANA - Aeroportos em 1992 e 1997. Brisa em 1997. Metropolitano de Lisboa em 1994 e ADA (Aeroportos de Macau) em 2000. Prémio IADE em 1990. Publicou 3 livros.

Coragem galvanizadora

Nos abrasados meses de 1975 – Natália Correia seria, então, de uma coragem galvanizadora, recusando (com Miguel Torga, David Mourão-Ferreira, António José Saraiva e poucos mais) aceitar ditaduras de outras paletas. Nunca ninguém me controlou", exclamava, "nem antes nem depois do 25 de Abril, que totalitaristas existem em todos os regimes, e opositores a eles também.  Mas não sou nenhuma dessas vítimas profissionais do fascismo e da PIDE, repugna-me, aliás, que se cobre pelas opções feitas, fazem-se, assumem-se, pronto! 

A longa noite do fascismo não foi para mim nenhuma longa noite porque não deixei que o fosse, pessoalmente até me diverti bastantenela... as pessoas que pertencem ao mundo da cultura resistem a deixar-se manipular, por isso é que ela, cultura, é tão combatida, tão iludida, à direita e à esquerda, por todos os poderes".    Fernando Dacosta

No 3º andar ficava    o meu quarto crescente

De mal se ver nos céus beleza mais pura. Ou assim capaz de auto-retrato como um deus desavindo de si mesmo, aquele que inventou o
ciúme e insiste em confissão ser incapaz de o desinventar. 

E assim me debruço a dormir, sabendo que me calha em sorte sonhar com precipícios. A lembrar o regresso à quinta noite no Fiorentino, Via degli Avelli 8, canteiro descarado de Santa Maria Novella. 

Do patrão me saudar como se eu fosse pela quarta vez o primeiro português da vida dele: 'como vê, agora tenho um cão. e por causa dele deixei de pagar a prostitutas...'. Tinha um jeitaço com a palavra, o ragazzo. 

No 3º andar ficava o meu quarto crescente, 3 janelas a dar para a árvore onde nos fins de novembro os estorninhos se esmurravam ao recreio, lenhosos ciumentos de arbusto. Cada pedaço do que vivo aqui leva-me ao que vivi n'outro lado. 

E assim deve ser, não vá por desleixo ser
deixada à morte a tarefa de me fazer as contas da vida.

John Singer Sargent volta a Paris


O Musée d'Orsay inaugura em 5 de Setembro a Exposição de John Singer Sargent, focada em grande parte na sua década de transformação em Paris. A exposição coincide com o 100º aniversário da morte do artista.

As obras de John Singer Sargen já foram expostas no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque 

A exposição é titulada como "Sargent e Paris" e reporta o início da carreira de John Singer Sargent (1856 -1925), desde a sua chegada a Paris em 1874, como um talentoso estudante de arte de 18 anos, até meados da década de 1880. Nessa altura  o seu retrato "Madame X " tornou-se um grande sucesso no Salão de Paris. 

Quai d'Orsay expõe 100 obra de Sargent

A colecção tem de cerca de 100 obras de arte, pinturas, aguarelas e desenhos, e inclui também um grupo seleccionado de retratos de contemporâneos de Sargent. 

Este é o maior acontecimento internacional da obra de Sargent, desde 1998, e é a primeira apresentação monográfica de sempre da arte do artista em França.

A mostra é organizada pelo The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque em parceria com Musée d'Orsay, Paris.

John e a sua sociedade vibrante

Max Hollein, director do Met, afirma: "Esta magnífica exposição lança uma nova luz sobre um período transformador da vida e da carreira de um dos mais importantes pintores americanos.  

"Ao situar o trabalho do artista no contexto da cidade que o formou e inspirou, "Sargent e Paris" irá iluminar a ascensão meteórica deste influente pintor, fornecendo novas perspectivas sobre o seu talento único e a sua capacidade de captar a sociedade vibrante em que vivia."

Já Stephanie L. Herdrich, curadora de Pintura e Desenhos Americanos no Met, diz: "A carreira de Sargent foi moldada pelo tempo que passou em Paris. Ao longo de uma década notável, criou as pinturas mais ousadas e arrojadas da sua obra. 

"Sargent e Paris" apresenta estas obras visualmente deslumbrantes e ambiciosas, lançando uma nova luz sobre a sua visão artística distinta. Estamos entusiasmados com a parceria com o Musée d'Orsay para reunir esta colecção de grandes obras em Nova Iorque e Paris."

Atelier retratista de Carolus-Duran admite John

O John Singer Sargent nasceu em 1856 em Florença, Itália, filho de dois pais americanos. E ainda muito jovem já era considerado um artista talentoso. 

A sua mãe era uma viajante ávida, curiosa pelo mundo, e o seu pai era um médico com raízes em Gloucester e Filadélfia.  Sargent teve uma infância cosmopolita: foi imerso na arte e na cultura europeias, falando francês, italiano e alemão, para além do inglês. 

Estudou brevemente na Accademia di Belle Arti, em Florença, e aos 18 anos matriculou-se na Ecole des Beaux-Arts, em Paris, depois entrou no atelier independente do retratista Carolus-Duran. 

Mais de 900 pinturas e 2 mil aguarelas

Expôs regularmente no Salão de Paris a partir de 1877, estabelecendo o seu próprio estúdio em Paris até 1886, quando se mudou para Londres.

Sargent foi o principal pintor de retratos da sua geração, com mais de 900 pinturas a óleo, 2 mil aguarelas e inúmeros esboços.

Em meados do século XX, abandonou o retrato e concentrou-se em encomendas de murais de grande escala para a Biblioteca Pública de Boston, a Biblioteca Widener da Universidade de Harvard e o Museu de Belas Artes de Boston.

Em 1918, aceitou o papel de artista oficial de guerra e viajou para a Frente Ocidental. John Singer Sargent morreu em Londres em 1925.

Mais de 900 pinturas e 2 mil aguarelas

Expôs regularmente no Salão de Paris a partir de 1877, estabelecendo o seu próprio estúdio em Paris até 1886, quando se mudou para Londres. Foi o principal pintor de retratos da sua geração, com mais de 900 pinturas a óleo, 2 mil aguarelas e inúmeros esboços.

Em meados do século XX, abandonou o trabalho de retrato e concentrou-se em encomendas de murais de grande escala para a Biblioteca Pública de Boston, a Biblioteca Widener da Universidade de Harvard e o Museu de Belas Artes de Boston.

Em 1918, aceitou o papel de artista oficial de guerra e viajou para a Frente Ocidental. John Singer Sargent morreu em Londres em 1925. 

Atendo a mais velórios que a baptizados

Morrem como deuses quem os jovens amam. Não há manhã que acorde e me não lembre de em feriado ter sido ferido em rasgos desses. 

Atendo a mais velórios que a baptizados, preço simpático a pagar por em sexagenário estreante sobressair em exercício de esquecimento. Sem o
ressábio ou o paciente vôo do abutre que se esqueceu das graças da morte. Ferido de vida, isso é que faz sentido. 

O resto são azarentos que rezam sem saber nicles da sorte e sortudos caídos em desfortuna de crer que existe o destino, esse mais-que-vadio dos fados. Feliz entre a santíssima trindade de amores, amigos e pisca d'olhos, saberia o que resta da vida se desse por mim capaz de reconhecer as sobras do céu.

Um destes dias vou ter de fazer por passar a fase de grupos e lutar pelo apuramento. Ou sair em lesão como um anjo triste a quem coube inteiro o ditado 'na maca que farás, nela te sentarás'. E à espera de
ter o azar de ter tal sorte.

ODE À PAZ EM TEMPO DE GUERRAS

Natália Correia 13 de Set 1923—16 de Mar 1993


Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,

Pelas aves que voam no olhar de uma criança, Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,

Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, Pela branda melodia do rumor dos regatos,

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, 

Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria, Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, 

Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, 

Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, 

Pelos aromas maduros de suaves outonos, 

Pela futura manhã dos grandes transparentes, 

Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, 

Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, 

Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. 

Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, Abre as portas da História, deixa passar a Vida!                

Natália Correia

Onde fantasma de nós fica mais perto

.










Fiz com as fadas uma aliança.


A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.

Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhum soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.

A outro poema para além de um conto pata embala

Espáduas brancas palpitantes

 no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Queixa das almas jovens censuradas


Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo


Temos fantasmas tão educados

que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelh

pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça 

e uma cabeça presa à cintura

para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia

Natália Correia: Portugal e as Espanhas


Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma. 

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Tem um xaile velhinho de soluços

E em golfadas de névoa canta o fado.

De apodrecidas naus atam-lhe os pulsos

Cordas que à luz içaram o irrevelado.


Nos aluados olhos tem convulsos

Trapos de um rei em brumas enguiçado

E de sonhos astrais sangram expulsos

Seus gestos no umbral de um céu vedado.


A perdição da coisa desejada

Por desmedida é sua roxa sina

A arder num cristal de castidade.


Dos confins do futuro enamorada

Dorme o tempo em seus braços de neblina.

Retráctil flor de ausência. É a Saudade.

Onde fantasma de nós fica mais perto

.









Maria Antonieta vai a Londres


Maria Antonieta conhecida como Rainha da Moda com um Estilo Icónico vai ganhar vida na Grande Exposição no Victoria & Albert Museum, em Londres, pela primeira vez.

Durante as suas duas décadas de reinado, Maria Antonieta não apenas governou a França, mas remodelou o mundo da moda e do design do século XVIII à sua imagem. 

Estilo elegante e  extravagante

Desde os seus vestidos sumptuosos em tons pastel e as perucas imponentes até às suas joias deslumbrantes e móveis dourados, a rainha adoptou um estilo pessoal de elegância extravagante que se estendia até seus aposentos no Palácio de Versailles, onde cores marcantes, tapeçarias luxuosas e toques rococó redefiniram o esplendor real.

O Estilo Maria Antonieta foi tão revolucionário que, séculos depois, ainda inspira artistas, designers e cineastas contemporâneos — de Alexander McQueen a Sofia Coppola — foram atraídos pela sua imagem. E o Victoria & Albert Museum não ficou de fora, de 20 de Setembro de 2025 a 22 de Março de 2026, ele apresenta uma grande mostra dedicada a esse ícone de Moda da Realeza.

"O Estilo Maria Antonieta", é a primeira exposição no Reino Unido centrada na rainha francesa, onde destaca as suas escolhas de vestuário e decoração, revelando como o seu estilo incomparável ecoou ao longo das eras. Entre os 250 objectos que estão expostos, também fazem parte do evento os artefactos históricos — alguns vindos directamente de Versailles — além de peças contemporâneas que atestam o apelo atemporal da monarca. A exposição é patrocinada pelo designer de calçados Manolo Blahnik.

"A rainha mais de moda, analisada e controversa da história, o nome de Maria Antonieta evoca tanto visões de excessos quanto objectos e interiores de grande beleza", afirmou a curadora da exposição, Sarah Grant, em comunicado. "Esta mostra explora esse estilo e a figura central por trás dele, utilizando uma variedade de peças requintadas que pertenceram a Maria Antonieta, além das mais belas obras de arte inspiradas no seu legado."

Vestidos leves e esvoaçantes

Quando subiu ao trono em 1774, as escolhas de vestuário da rainha rapidamente causaram alvoroço. Em contraste com a paleta sombria da corte francesa, os seus vestidos leves e esvoaçantes destacavam-se tanto pelas silhuetas quanto pelas cores vibrantes e detalhes intricados — rendas, fitas, babados. Ela popularizou estilos que priorizavam o conforto, como a "Robe à la Polonaise", reconhecível pelo corpete ajustado e a saia em três volumes distintos, e a "Robe à l'Anglais"e, em que o corpete justo se abre para uma ampla saia com fenda revelando a anágua.

Esse visual foi imortalizado por Élisabeth-Louise Vigée Le Brun no seu retrato de 1783 da rainha ricamente vestida segurando delicadamente uma rosa — obra que está presente na mostra "O Estilo Maria Antonieta". Também estão expostos fragmentos de vestidos de corte, sapatilhas de seda, joias e até um frasco de água de colónia da sua colecção pessoal. O museu recriou os aromas da corte e o perfume favorito da rainha na sua experiência olfativa imersiva.

Os visitantes também podem conhecer como Maria Antonieta decorava o seu refúgio particular em Versailles, o "Petit Trianon". Nesse santuário íntimo, a rainha expressava o seu amor pelo rococó, com papéis de parede pintados, objectos e móveis com formas florais e as suas célebres venezianas espelhadas. O seu serviço de jantar requintado está exibido na exposição, assim como conjuntos de cadeiras e outros objectos decorativos.

A fantasia e o estilo de Maria Antonieta

A mostra também destaca como a influência da moda da soberana perdurou através dos séculos, alimentando a imaginação cultural do século XIX até os dias actuais. Enquanto ilustradores Art Déco como Erté e George Barbier tentaram captar a fantasia do estilo de Maria Antonieta, a alta-costura moderna — com nomes como Vivienne Westwood, Moschino, Dior, Chanel e Valentino — procuraram igualar sua extravagância.

Claro, que é dado o devido destaque ao filme de Sofia Coppola, "Marie Antoinette", de 2006, vencedor do Oscar de Melhor Figurino. Looks e sapatos Manolo Blahnik criados para o filme de Sofia Coppola estão presentes, ao lado de outros figurinos, imagens de filmes e videoclipes que ressaltam o duradouro legado da rainha nas telas e nos palcos.

Retrato de Maria Antonieta, Rainha de França, num Vestido de Corte. Pintura a óleo de François Hubert Drouais, 1773. Créditos da imagem: © Victoria and Albert Museum, London. Colecção Victoria and Albert Museum, London. Cortesia Victoria and Albert Museum, London. 

Sobre o Estilo de Maria Antonieta, Sarah Grant, Curadora da diz ser "este o legado de design de uma celebridade da era moderna e a história de uma mulher cujo poder de fascinar nunca enfraqueceu. A história de Maria Antonieta foi recontada e reinterpretada por cada geração para atender aos seus próprios interesses. A combinação de glamour, espectáculo e tragédia que ela representa continua actualmente, como era no século XVIII."

As visões de excesso

Maria Antonieta evoca tanto visões de excesso quanto objectos e interiores de grande beleza. A arquiduquesa austríaca transformada em Rainha da França marcou profundamente o gosto e a moda europeia, criando um estilo distintivo que permanece universal. Esta exposição apresenta objectos requintados que lhe pertenceram, ao lado de peças inspiradas no seu legado — a herança de uma celebridade da modernidade inicial e a história de uma mulher cujo poder de fascinar jamais diminuiu.

Figurino, Andrea Grossi. Fotografia: Cortesia de Andrea Grossi. Cortesia Victoria and Albert Museum, London. 

Kate Moss, com um Vestido de Sarah Burton para Alexander McQueen, Van Cleef & Arpels, e Julian d'Ys, The Ritz, Paris 2012. Fotografias de Kate Moss no Ritz de Paris para a edição de Abril de 2012 da Vogue Americana. Créditos da imagem: © Tim Walker. Cortesia Victoria and Albert Museum, London. 

As palavras densas ora gelam ora incendeiam, não são cinzas. Por perigosas, certos poderes querem que elas percam futuro, definhem em jornais, livros, teatros, pensamentos

Ler implica esforços, lucidez, daí a sua conveniente desvalorização, o repetir-se que uma imagem vale mil palavras quando o contrário é igualmente verdadeiro: quantas mil imagens são necessárias para uma palavra só, como saudade?

Última trincheira da liberdade individual, porque visceralmente autónoma e intemporal, a escrita tornou-se difusora privilegiada de ideias, memórias, inovações, documentando cada época tal como, no concreto, muito do nela edificado. 

As suas palavras podem revelar-se tão sólidas como as pedras, a literatura tão duradoura como a arquitectura. 

Apesar disso (talvez por isso) ela, literatura, foi varrida pelos actuais órgãos de comunicação, ignorada pelos poderes, usurpada pelo fisco, infantilizada pelo ensino.

Ora o primeiro afloramento civilizacional que projectou Portugal além fronteiras, lembrava Fernando Pessoa, foi de natureza literária (poemas do Cancioneiro e crónicas de cavalaria), não militar, não comercial, não religiosa. Os nossos maiores génios, Camões e Pessoa, são poetas – universais.

A grande literatura pertence ao domínio do sagrado, não do super mercado, provocava outro génio, também poeta: Natália Correia.

F. D.

pires de absinto

Não vou amontoar metatretas. O futuro da casa não se segura em pilaresassim nem serve na sua mal guiada exaustão para base de café ou pires de absinto. 

São os livros, rapaziada. são os livros. Que me hei-de
finar como um fitilho de páginas sepulto entre lombada e desfolhadas.

E rir do heroísmo em falta por tal feito.
foto: The Twilight Zone. 'Time Enough at Last' 1959. Burgess Meredith.

Senhores juízes sou um poeta

um multipétalo uivo um defeito

e ando com uma camisa de vento

ao contrário do esqueleto.

Sou o vestíbulo do impossível um lápis

de armazenado espanto e por fim

com a paciência dos versos

espero viver dentro de mim.


Sou em código o azul de todos

(curtido couro de cicatrizes)

uma avaria cantante

na maquineta dos felizes.

Senhores banqueiros sois a cidade

o vosso enfarte serei

não há cidade sem o parque

do sono que vos roubei.


Senhores professores que pusestes

a prémio minha rara edição

de raptar-me em crianças que salvo

do incêndio da vossa lição.

Senhores tiranos que do baralho

de em pó volverdes sois os reis

sou um poeta jogo-me aos dados

ganho as paisagens que não verei.

Senhores heróis até aos dentes

puro exercício de ninguém

minha cobardia é esperar-vos

umas estrofes mais além.


Senhores três quatro cinco e sete

que medo vos pôs por ordem?

que pavor fechou o leque

da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais

a pena na tinta da natureza

não apedrejeis meu pássaro

sem que ele cante minha defesa.


Sou um instantâneo das coisas

apanhadas em delito de paixão

a raiz quadrada da flor

que espalmais em apertos de mão.

Sou uma impudência a mesa posta

de um verso onde o possa escrever.

Ó subalimentados do sonho!

a poesia é para comer.

Natália Correia

.

Senhores juízes sou um poeta


A escritora mais censurada, diz Natália Guerrelus

"Só conseguiremos evoluir se o poder for entregue ao feminino", acrescentava Natália, "o feminino existente nas mulheres, nos homens, no bis, nos trans, nos anatemizados".

As suas palavras ora gelavam, ora incendiavam, não se faziam cinzas nem sarros - daí interrogar, interrogar-se se estávamos preparados para a grande mudança.

Que diria ela hoje de lideranças como a da senhora Von Der Leyen, presidente da Comunidade Europeia? e a da senhora Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu? e a da senhora Kristalina Georgieva, directora do FMI? e a da senhora Giorgia Meloni, primeira ministra de Itália? 

Fernando Dacosta 

Natália Correia: Romance Paloma

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma.

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma. 

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma. 

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Retrato talvez saudoso da menina insular

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Natália Correia "chegou adiantada"

GUERRA SANTA


Não estou aqui para que Deus me ignore

mas nem por isso lhe serei solícita

em loa e laudes cada vez que morde

meu coração. Não gosto da visita.


Também dispenso que me seja Cristo.

Os meus erros na cruz não são remíveis.

Acertam no Espírito, Pai e Filho

manifestados são só varas cíveis.


Piedade ganhar em tais instâncias

não vale a quem se atira ao impossível.

Iluminada a alma por dez lâmpadas

a ideia só concebe o inconcebível.


Chamais-me chama? Explico: em corpo ardido

anulo o osso até que transpareço.

Descriando-me, em cinza me unifico

com a vontade pura do começo.


Assim vos queima a minha língua ardente

e frequentais-me o lume. Mas da festa

saís gorados. Não sabeis ser hóspedes

da santidade que não se manifesta.

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma.

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.

Natália Correia: "Prefiro desaparecer a submeter-me"

Pouco antes de morrer Natália, em guardanapo de papel, escrevia que "quase nada vale a pena/ mesmo que a alma não seja pequena/ Aliás, só as almas grandes são capazes de perceber o pouco que ainda vale muito a pena/ o amor, a liberdade, a criatividade".

O problema é que, na sua perspectiva, "o produzir, o consumir, defendidos pela cultura patriarcal", alienam "a capacidade para o amor, para a liberdade, para a criatividade".

A crise em que estamos comprova-o. E Natália afasta-se: "Prefiro desaparecer a submeter-me".

Desapareceu e não se submeteu.

Fernando Dacosta 

Balada para um Homem na Multidão

Natália Correia, o poder feminino

"Só conseguiremos evoluir se o poder for entregue ao feminino", acrescentava Natália, "o feminino existente nas mulheres, nos homens, no bis, nos trans, nos anatemizados".

As suas palavras ora gelavam, ora incendiavam, não se faziam cinzas nem sarros - daí interrogar, interrogar-se se estávamos preparados para a grande mudança.

Que diria ela hoje de lideranças como a da senhora Von Der Leyen, presidente da Comunidade Europeia? e a da senhora Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu? e a da senhora Kristalina Georgieva, directora do FMI? e a da senhora Giorgia Meloni, primeira ministra de Itália? 

Fernando Dacosta 

Pusemos tanto azul nessa distância

Assim vos queima a minha lingua ardente

"O mundo que deixo ao morrer é pior"

Natália Correia dizia que ela, mais do que viver com os outros "vivia para outros" – os que escolhia, defendia, subia.

No nosso último encontro, serena, contida, despediu-se retendo melancolias: "O mundo que deixo ao morrer é pior do que encontrei ao nascer!". 

Fernando Dacosta

O escritor açoriano João Pedro Porto venceu a edição de 2025 do Prémio Literário Natália Correia, uma iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada, com a obra "Não-Poema".

João Pedro Porto nasceu nos Açores, em Abril de 1984. A Brecha fez sucesso e foi o seu quarto romance, tendo publicado O Rochedo que Chorou, O Segundo Minuto e Porta Azul para Macau. 

O conto O Homem da Mansarda foi editado em formato de livro e fez parte da primeira antologia coordenada pelo Centro Mário Cláudio.

É autor da letras do álbum Terra do Corpo, de Medeiros - Lucas. 

Sobre a sua escrita, Valter Hugo Mãe escreveu: «Reverberam séculos nas suas construções. Um invasor absoluto, um denunciador. João Pedro Porto é cénico, performativo, esdrúxulo, temperamental, mas sem arrogância. Apenas luxuoso, desse luxo de poder fazer.»

A escritora mais censurada, diz Natália Guerrelus

"Só conseguiremos evoluir se o poder for entregue ao feminino", acrescentava Natália, "o feminino existente nas mulheres, nos homens, no bis, nos trans, nos anatemizados".

As suas palavras ora gelavam, ora incendiavam, não se faziam cinzas nem sarros - daí interrogar, interrogar-se se estávamos preparados para a grande mudança.

Que diria ela hoje de lideranças como a da senhora Von Der Leyen, presidente da Comunidade Europeia? e a da senhora Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu? e a da senhora Kristalina Georgieva, directora do FMI? e a da senhora Giorgia Meloni, primeira ministra de Itália? 

Fernando Dacosta 

"Viver para os outros"

Natália Correia dizia que ela, mais do que viver com os outros "vivia para outros" – os que escolhia, defendia, subia.

Fernando Dacosta

Retrato talvez saudoso da menina insular

"O mundo que deixo ao morrer é pior"

Natália Correia dizia que ela, mais do que viver com os outros "vivia para outros" – os que escolhia, defendia, subia.

Fernando Dacosta

Andar não me custa nada

Bandeira de tudo que trago comigo


E os anjos à volta como círios tesos

A desenrolar o seu tédio antigo. E eu desfrada nos cumes acesos: Bandeira de tudo que trago comigo.

Natália Correia

nem toda a treta dá leite

Passo pelo tempo a caminho de outros afazeres, alontanado da coisa da vida. 

Ou como aprendi de um amigo com idade para ser meu avô e destemperança 

que chegasse para ser meu neto: 'olha de cautela, que nem toda a treta dá leite'.

Do amor nada mais resta que um Outubro




Escrito numa ânfora grega