BOTEQUIM

A Cultura a arder

A depreciação da cultura, isto é, do pensamento, das diferenças, da liberdade, da memória passou, entre nós, da retórica para a acção, do silêncio para o berro, do apagamento para a violência, simbolicamente ostentada no 10 de Junho, o último, num gesto de indivíduos radicalizados contra actores isolados que iam representar uma peça sobre Camões no teatro A Barraca, em Lisboa, atirando o intérprete do autor dos Lusíadas, Adérito Lopes, para o hospital. 

Maria do Céu Guerra, uma das nossas maiores actrizes actuais, directora e encenadora do espectáculo (belíssimo!) intitulado "O amor é um fogo que arde sem se ver", classificou os atacantes de neonazis, após o que suspendeu a representação em causa.

A depreciação, à direita e à esquerda, da cultura, do pensamento, da diferença, da liberdade, da memória, crescente entre nós nos últimos tempos, sobretudo em áreas como o teatro e a literatura, fragilizou-as, expondo-as à javardice de hordas envergonhantes do ser português.

Golpear Camões através do seu intérprete (mesmo desconhecendo-o quem o fez) é um sinal alertador da atmosfera que se adensa ante a condescendência colaborante instalada na política, na intelectualidade, na justiça, na democracia.

A cultura começa no comer decente, no habitar seguro, no vestir confortável, no pensar livre, dizia Agostinho da Silva, para ódio dos primatas que polulam entre nós.

Fernando Dacosta

Grupo nazi agride actorAdérito Lopes


António Adérito Borges Lopes nasceu Lisboa, 14 de fevereiro de 1980, é ator, doutorado em Comunicação, Cultura e Artes (especialidade em Teatro), pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve (2014-2018).

Tem pós-doutorado em Teatro – Ensino Artístico, desenvolvido na Escola Superior de Teatro e Cinema – Instituto Politécnico de Lisboa (2022-2023), mestre em Teatro, Artes Performativas, Interpretação pela ESTC - Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa (antigo Conservatório Nacional de Teatro) (2011-2013).

Adérito Lopes 

24 anos de Teatro

Título de Especialista em Artes/Teatro/Interpretação] atribuído pelo IPL - Instituto Politécnico de Lisboa (2024).[1]

Iniciou a sua atividade como ator no Grupo de Teatro Independente O Palmo e Meio em Lisboa, ao mesmo tempo que frequentava a oficina/ateliê Espaços e Expressões, na Comuna - Teatro de Pesquisa (1996-1999).[2]

Posteriormente o curso de formação de atores da Escola Profissional de Teatro de Cascais (1998-2001).

Estreia-se como profissional de teatro em 2001, no Teatro Experimental de Cascais, numa coprodução com o Teatro da Garagem, em Tríptico TEC de Carlos J. Pessoa.

Vida dedicada ao Teatro

Integrou o elenco de espetáculos em companhias e grupos como A Barraca; Primeiros Sintomas; Teatroesfera; Teatro Aberto; Teatro Extremo; Companhia de Teatro de Almada; Teatro Noroeste - Centro Dramático de Viana; Teatro da Garagem; TEC - Teatro Experimental de Cascais, entre muitos outros.

Professor Coordenador do Curso Profissional de Intérprete - Ator/Atriz, no IDS - Instituto para o Desenvolvimento Social, Escola Profissional desde 2018. in wikipédia

A grande actriz Maria do Céu Guerra

Maria do Céu Guerra de Oliveira e Silva[1] nasceu em 26 de maio de 1943, em Lisboa. É filha de Rogério de Oliveira e Silva e de Maria Carlota Álvares da Guerra, radialista, jornalista da revista Plateia e cofundadora da revista Crónica Feminina. É irmã do jornalista João Paulo Guerra e de Eduardo Oliveira e Silva, ex-diretor da Agência Lusa. Clique em MUNDO

A Barraca, templo do Teatro

A companhia foi fundada em 1975 pela actriz e encenadora Maria do Céu Guerra e pelo cenógrafo Mário Alberto[1][2] inscrevendo-se num movimento emergente de companhias de teatro experimental e independente, localizado sobretudo em Lisboa. Durante o ano de 1976 o grupo passou a maior parte do tempo em tournées pelo país.

A aliança com Hélder Costa

Foi uma das principais companhias teatrais portuguesas do período pós-25 de Abril, sendo listada nessa qualidade pelo Europa World Year Book de 1983. O grupo foi descrito na época como a mais popular das companhias teatrais independentes em Portugal.

Desde a sua fundação a direcção da companhia tem estado a cargo de Maria do Céu Guerra e do encenador e dramaturgo Hélder Costa, o qual desde 1976 tem escrito, transcrito e encenado muitos dos espectáculos apresentados pelo grupo.

Durante o seu tempo de exílio em Lisboa, o dramaturgo brasileiro Augusto Boal participou da direcção da companhia,deixando uma forte influência no reportório do grupo. Foi também nesta companhia que se revelou o actor Mário Viegas. in wikipédia

Proliferam os grupos extremistas

Não se entende como é permitido a proliferação de grupos extremistas declaradamnte hostis à Democracia.. 

A Alemanha tem dado o exemplo ilegalizando estes grupos, como por exemplo o HammerSkins Germany, com origem nos EUA.

Em Porrtugal há um historial de incidentes graves e de declarações que deveriam levar  há ilegalização por atentarem contra as liberdades, direitos e garantias constitucionais num Estado Democrático de Direito em que as decisões são sufragadas nas urnas. E não acontece?

Hora H - Livros com 50% na Feira

A Hora H ocorre de segunda a quinta-feira, na última hora da Feira (21h00 às 22h00) **. e dá livrios xcom mais de 50% de desconto

A Hora H fura, digamos, a Lei do Preço Fixo do Livro legislado pelo decreto-Lei n.º 176/96 de 21 de Setembro: "O livro tem sido o instrumento privilegiado de natureza cultural e educativa propiciador da formação das pessoas".

"Esta função eminente permitiu sempre que ao livro não se aplicassem, de um modo redutor e simplista, as regras normais vigentes e adequadas ao comum produto económico".

As palavras santas       de Agostinho da Silva

em poucas palavras, vale reviver Agostinho da Silva, apontando o dever do Mundo assentar em três pilares: Sustento, Saber e Saúde. Em tempo de guerras.... santas!

Sustento é coisa para ricos, empanturrados com a massa sacada do pratos dos pobres.

Saber é a arma de poderosos em birras que assassinam centenas de milhar de jovens, velhos, mulheres e crianças. Um horror a cada dia.

Saúde, basta ir à farmácia, onde o Povo só avia metade da receita. 

Porque razão os Agostinhos nunca serão Presidentes?

As questões podem ser académicas: a primeira página define um livro e também caracteriza o autor?  Irving Wallace foi mais longe e apontou para o primeiro parágrafo de cada livro. Disse Wallace serem as primeiras linhas que agarravam o leitor, ao passar numa livraria. 

Hoje deixamos a primeira página A Bala Santa de Luís Miguel Rocha. Era um homem sereno, que adorava escrever e vivia sobressaltado com o filho.

Luís Miguel Rocha no  TOP  do New York Times

Os seus livros são sucessos internacionais. Em O Último Papa, expõe uma teoria sobre a misteriosa morte de Albino Luciani, o Papa João Paulo I, envolvendo a loja maçónica italiana Propaganda Due (Loja P2, Propaganda Dois) e outras agências secretas internacionais, como a CIA. A edição americana de O Último Papa entrou para o prestigiado top do The New York Times,









LUÍS MIGUEL ROCHA
nasceu no Porto em 1976, onde morou depois de ter residido dois anos em Londres.  Faleceu em Março de 2015, em Mazarefes

Foi repórter de imagem, tradutor e guionista; dedicou-se depois em exclusivo à escrita.

Foi autor de seis títulos: Um País Encantado, O Último Papa, Bala Santa, A Virgem, A Mentira Sagrada e A Filha do Papa.

As suas obras estão publicadas em mais de 30 países e foi o primeiro autor português a entrar para o top do New York Times.
O Último Papa, bestseller internacional, vendeu mais de meio milhão de exemplares em todo o
mundo.

Natália Correia "chegou adiantada"

GUERRA SANTA


Não estou aqui para que Deus me ignore

mas nem por isso lhe serei solícita

em loa e laudes cada vez que morde

meu coração. Não gosto da visita.


Também dispenso que me seja Cristo.

Os meus erros na cruz não são remíveis.

Acertam no Espírito, Pai e Filho

manifestados são só varas cíveis.


Piedade ganhar em tais instâncias

não vale a quem se atira ao impossível.

Iluminada a alma por dez lâmpadas

a ideia só concebe o inconcebível.


Chamais-me chama? Explico: em corpo ardido

anulo o osso até que transpareço.

Descriando-me, em cinza me unifico

com a vontade pura do começo.


Assim vos queima a minha língua ardente

e frequentais-me o lume. Mas da festa

saís gorados. Não sabeis ser hóspedes

da santidade que não se manifesta.

Natália Correia foi desses seres que chegam adiantados no tempo, vindos do futuro para no-lo antecipar. Miguel Torga dizia que ela nasceu póstuma.

A excepcionalidade de Natália Correia não lhe permitiu, por isso, caber nas normas, nas ideologias, nas culturas, nas religiões, nos sentimentos que a envolviam - e que logo ela extravasou, inovou.